A máquina fotográfica não pode escolher

Peço-lhe que observe as duas fotos seguintes [clique nelas, para as ampliar e ver melhor]:

A abertura do diafragma[Foto 1]

A abertura do diafragma[Foto 2]

A grande diferença entre ambas é que a primeira foi captada com uma pequena abertura do diafragma (F/16) — e a segunda, com uma grande abertura [F/1.4]

[se este tema da abertura não lhe “soa ao ouvido”, esta minha explicação pode ajudar].

Agora… sugiro-lhe que consciencialize as consequências visuais desta diferença [já tratei aqui este tema dos efeitos que se conseguem com a profundidade de campo].

***

Peço-lhe, finalmente, que tenha presente o que acima ficou escrito, ao ler estas observações de Michael Langford [Aprendizagem da fotografia : iniciação. Lisboa : Presença, 1979, p. 71-72. Negritos meus]:

A máquina não pode escolherQuando olhamos para qualquer coisa temos uma capacidade extraordinária para nos concentrarmos no que mais nos interessa. 0 nosso «dispositivo de concentração» natural permite rodar a cabeça, focar a vista e em geral desprezar qualquer parte da cena que não tenha interesse. Ao falar com um amigo na rua dificilmente nos apercebemos dos detalhes da casa que se encontra atrás dele. Mas a máquina não tem cérebro que lhe permita diferenciar o que é importante daquilo que o não é. Não pode discriminar e normalmente regista demasiadas coisas — os detalhes indesejáveis juntamente com os importantes [ver Foto 1]. Os tubos de esgoto ou uma casa em construção em fundos podem surgir com tanta força como a face do seu amigo… e como diabo apareceu no fundo essa coisa horrorosa?

É assim necessário ajudar a máquina, talvez alterando o ponto de vista ou utilizando técnicas como sejam a de uma grande abertura do diafragma de modo a obter menor profundidade de campo (Foto 2), [como já referi aqui]. Ou pode-se arranjar maneira de os fundos terem uma iluminação mais ou menos forte que a face, expondo correctamente apenas para esta. Acima de tudo, observe rapidamente tudo o que se encontra no visor antes de carregar no disparador.

Acerca da importância que se deve prestar ao fundo, pode ler, n’O meu Baú, A importância do fundo.

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