Voltou a Primavera. E (inevitavelmente?), Vivaldi: As Quatro Estações.
Há outras estações (por exemplo, já aqui evoquei Las cuatro estaciones porteñas de Astor Piazzolla, a pretexto da chegada do Inverno) — mas, como as de Vivaldi, não há outras. 😉
Também já aqui aproveitei O Inverno da obra de Vivaldi para exemplificadamente esclarecer o conceito de Música programática; noutro momento, apresentei uma obra de Corrette (1709-1795), composta a partir de A Primavera de Vivaldi (para questionar as diferenças entre música religiosa e profana).
Voltemos, agora à mesma Primavera, a de Vivaldi, ouvindo o concerto guiados pelo comentário musical de Juan Carlos Moreno:
A série [de concertos que constitui As Quatro Estações] abre com o Concerto em Mi maior RV 269, “A Primavera”. Dividido em três andamentos, de acordo com o esquema rápido-lento-rápido, que partilha com os seus colegas e utilizado praticamente em todos os concertos criados pela pena de Vivaldi, nele domina a atmosfera pastoril e bucólica que irá impregnar todo o ciclo. O violino solista cedo intenta evocar o chilrear dos pássaros, enquanto a orquestra parece insinuar o correr dos riachos, o rumor do vento ou o zumbido dos insetos. O ritmo saltitante do primeiro andamento dá lugar a uma belíssima melodia que o solista desenvolve no Largo central, acompanhado apenas pelo som das violas, sugerindo o latir do cão que guarda o sono de seu amo pastor. O Allegro final recupera a atmosfera do início, com imitação pela orquestra do inconfundível som da gaita, um instrumento especialmente apropriado para a amável festa popular que se deseja pintar.
O meu Baú tem outros textos sobre a Primavera:
- As razões por que A Sagração da Primavera de Stravinsky foi, na primeira audição, um escândalo;
- Primavera e poesia: os versos de Sophia de Mello Breyner Andresen, a festejar a chegada da Primavera.
[Um agradecimento especial à minha amiga Helena Aleluia, pela tradução do texto de Juan Carlos Moreno]