Gioacchino Rossini nasceu há 220 anos (a 29 de Fevereiro de 1792).
Rossini é conhecido sobretudo como compositor e, mais especificamente, como compositor de óperas. Mas há outra faceta não menos importante: o seu gosto pela culinária (por razões que não são conhecidas com certeza e apesar do sucesso da sua última ópera Guilherme Tell, anunciou aos 37 anos que abandonaria o teatro e provavelmente a própria música, para se dedicar à cozinha). Andam por aí espalhadas receitas de coquetéis diversos e receitas culinárias com o seu nome, mas os turnedós Rossini são os mais famosos.
O turnedó (ou tournedos), esclarece a Wikipédia, é um bife da parte posterior mais estreita do lombo de vaca; existem inúmeras guarnições e acompanhamentos, sendo a mais famosa a de Gioacchino Rossini, composta por fígado de ganso, pasta de fígado (foie gras) de ganso e trufas. Para justificar a origem do nome, conta-se que o pedido inicial de tal combinação foi do compositor italiano, no café Anglais de Paris; mas o chef cozinheiro achou-o tão estranho, que o mandou servir de modo discreto (virando as costas — ou, em francês, en tournant le dos), para que os outros clientes não se apercebessem.
Mas voltemos à música e à sua ópera mais famosa — O Barbeiro de Sevilha — admirada por Beethoven, Verdi e Wagner. Baseada numa farsa de Beaumarchais, tal como As Bodas de Fígaro de Mozart, O Barbeiro
conta a estória de Fígaro, um barbeiro que faz de tudo na sua cidade: arranja casamentos, ouve confissões, espalha boatos, enfim… um verdadeiro prodígio de imaginação.
A trama começa com uma serenata sob o balcão da casa de Rosina pelo Conde Almaviva, disfarçado de Lindoro. Mas Rosina não aparece. Ela é pupila de um velho médico, D. Bartolo, que tem planos para se casar com sua protegida. D. Bartolo é muito ciumento e mantém Rosina confinada em casa, acompanhada pelas suas criadas, Berta e Carmen.
É durante a serenata que o Conde conhece Fígaro – o seu trabalho desta vez será ajudá-lo a casar-se com sua amada. Os dois elaboram um plano para que Almaviva (ou Lindoro) se encontre com Rosina. A ideia é que o Conde entre na casa de Rosina, disfarçado de soldado bêbado. Mas o plano não resulta e, com a chegada da polícia, o encontro termina numa divertida e caótica discussão.
Noutra tentativa, o Conde Almaviva disfarça-se de professor de música mas mais uma vez o plano de Fígaro e Almaviva não se concretiza: a trama é descoberta e o D. Bartolo apressa o casamento com Rosina para evitar as investidas do Conde.
O desfecho que parece certo muda de rumo devido à sempre fértil imaginação do Barbeiro de Sevilha – afinal, não há nada que umas boas moedas e uma dose de humor não resolvam…
(síntese rapinada daqui)
Não haverá (digo eu) quem não conheça a abertura:
Rupert Christiansen (Guia da Ópera) considera o final do I Ato, Fredda ed Immobile, “uma das criações mais rebeldes de Rossini”.