Domingos Faria

Domingos Faria nasceu em Guimarães, em 1987. Fez a licenciatura em filosofia na Universidade Católica e o mestrado em ensino de filosofia na Universidade do Minho.

“Sou um mero aprendiz de filósofo, que se interessa especialmente por filosofia da religião. Neste momento estou a dar aulas (pela primeira vez), procurando estimular os alunos a pensar criticamente alguns dos problemas, teorias e argumentos fundamentais de filosofia, na Escola Secundária Dr. Solando de Abreu (Abrantes). Além das aulas, aprecio imenso investigar e estudar filosofia, dialogar e aprender com os colegas, criticar ideias e ser criticado, examinar cuidadosamente a fundamentação das minhas crenças e as dos outros agentes cognitivos, ter tempo para ler com calma e refletir… mas também valorizo incomensuravelmente um belo pôr-do-sol, um ambiente tranquilo, o som da natureza e simplesmente namorar“.

A sebenta de filosofia é o seu blog, que contém muito do que tem realizado.

Revelou-nos allgumas das suas preferências:

Baú:

O navio onde viajas tem carga a mais. A ti, coube-te lançar à água dois dos 3 livros que levas (um de filosofia, um de música e um romance).

Domingos Faria:

Começo por lançar o livro de música para a água, pois a experiência de ouvir música é para mim muito mais gratificante do que o ato de ler um livro de teoria da música ou um livro de notação musical. Depois fico bastante indeciso, pois existem bons e maus livros de romance e de filosofia. Se no navio eu tiver, por exemplo, o livro “1984” de George Orwell e o livro “Ser e Tempo” de Heidegger, aí prefiro deitar o Heidegger ao mar porque refletir no Big Brother leva-me a pensar mais problemas filosóficos do que pensar em misticidades ininteligíveis como o “dasein”. Mas se na minha mochila tiver um livro de filosofia como o “Naming and Necessity” de Saul Kripke e um romance de Dawn Brown, aí a escolha para lançar aos peixes será o romance, uma vez que tenho muitíssimo a aprender com Kripke e seria tempo perdido se me dedicasse ao Dawn Brown. Portanto, a minha escolha depende muito da qualidade dos livros que poderei trazer comigo no navio.

B:

Lançados os livros, ficaste com três objetos: o livro, um dvd com o teu filme preferido e um leitor de mp3 com uma coleção dos teus top musicais. Um deles também tem de ir para o fundo do mar.

DF:

Talvez (e com muitas dúvidas) lance o leitor de mp3 para o fundo do mar, pois apesar da música ser uma experiência muito gratificante, tenho a perceção que são sobretudo os livros (mas por vezes também os filmes) que desafiam mais o meu pensamentos, estimulando-me a refletir sobre aspetos novos da realidade.

B:

No dia dos namorados, recebeste um cheque-prenda para comprar um cd. Escolhe.

DF:

A minha namorada só me oferece livros (que é o que eu mais gosto). Mas, se me oferecesse um cheque-prenda para escolher um cd, penso que optaria por algo que me ajudasse a descontrair um pouco, tal como um cd da banda britânica “The xx”.

B:

Sabemos que, no dia do teu aniversário, uma das prendas foi a passagem para o formato eletrónico (ebook) de uma obra da tua biblioteca. Segreda-nos qual foi.

DF:

Se tivesse um ebook gostava de ter lá o livro “Warranted Christian Belief” de Plantinga. Este é um dos livros que estou a tentar analisar, nalgum tempo livre que tenho… Gostava de examinar cuidadosamente se a teoria de Plantinga (a chamada epistemologia reformada) é plausível ou não para responder ao problema da epistemologia da crença religiosa, ou seja, o problema de saber se estamos ou não justificados para ter fé em Deus na ausência de provas, indícios ou argumentos.

B:

Tens de mudar de profissão. Para te compensar de eventuais transtornos, seja qual for a escolha, terás carro (o que preferires), cartão de crédito… e 600 mil euros anuais. Uma condição: tem de ser a profissão que te dê mais gozo (testaremos isso com a máquina do gozo profissional).

DF:

Mudar de profissão!? Para quem é jovem e tendo em conta a atual conjetura socioeconómica isso não está fora do horizonte. Apesar da minha experiência de professor ser quase nula, é algo que me dá muito gozo (é espetacular ver os alunos a começarem a pensar por si mesmos em alguns dos problemas da filosofia, a examinarem as suas crenças e a questionarem os seus fundamentos). Mas, se tiver que mudar para uma profissão que proporcione pelo menos o mesmo gozo, escolheria uma profissão onde fosse possível estudar e discutir filosofia o tempo todo (certamente com isso não teria um carro de luxo e um cartão de crédito recheado, mas tinha um projeto com valor).

B:

A Brigada dos Bons Costumes vai queimar-te a biblioteca toda. Toda, não: permite-te ficar com uma obra apenas.

DF:

Salvava um livro que me estimulasse mais a problematizar e a pensar em novas soluções do que um livro que me fornecesse apenas certezas e dogmas. Talvez opte por um livro como o “Sabedoria sem Respostas” do Daniel Kolak e do Raymond Martin.

B:

Os deuses estão fulos com a humanidade: vão destruir todas as cidades. Deixarão apenas ficar uma para tu viveres. Diz-lhes qual há de ficar de pé.

DF:

Guimarães… é uma cidade agradável e afinal este ano é a capital europeia da cultura!

B:

Estás condenado a escolher, sem hipótese de abstenção, mas apenas um: Sartre, Nietzsche, Heidegger.

DF:

Sartre… pelo menos parece um bocadinho mais compreensível que os restantes. Mas, se for plausível a ideia de que estou “condenado a ser livre”, não poderei escolher outro filósofo para além desta tríade?

B:

Para a ilha deserta, só podes levar um destes três B: Bach (Johann Sebastian), Beethoven, Beatles.

DF:

Se for pela companhia levo comigo os Beatles, se for mesmo só para ter uma boa experiência musical escolhia o Bach.

B:

Tens pozinhos mágicos que te permitem ressuscitar quem tu quiseres. Duas condições: só os podes usar uma vez; nunca em proveito de qualquer familiar.

DF:

Talvez ressuscitasse o Anselmo de Cantuária ou o Tomás de Aquino para discutir alguns dos problemas e argumentos de filosofia da religião.

Nota: esta é a nona publicação de uma série de revelações que pedi a alguns dos meus amigos. Leia as de Tomás Magalhães Carneiro (a anterior) e de Pedro Galvão (a seguinte).

3 thoughts on “Domingos Faria”

  1. Pedimos desculpa por estarmos a utilizar este meio para um efeito diferente do pretendido mas dada a urgencia do assunto tomamos essa liberdade:
    Temos um aluno interessado – RESUMO DE FILOSOFIA (SEBENTA) da sua autoria e do Luis Verissimo . Precisanos saber onde o encontrar.
    Pedimos desculpa pela ousadia
    Cumprimentos
    Ermelinda

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