||| População muçulmana que permaneceu nos territórios reconquistados pelos reinos cristãos. Para evitar o despovoamento foram-lhes concedidos foros e pactos, que lhes permitiam conservar a sua religião e os seus costumes. Viviam isolados da restante população, usavam distintivos na roupa e pagavam tributo ao rei e à Igreja. Fernando III expulsou-os de Córdova (1236) e Henrique II obrigou-os a usar distintivos e proibiu-os de montar em mula e de usar nome cristão. Com a imposição do batismo (1499) passaram a ser denominados mouriscos.
||| O mudéjar é também um estilo híbrido cristão-islâmico, altamente decorativo, criado pelos mouros das áreas reconquistadas. O termo designa as manifestações artísticas dos mudéjares ao serviço dos cristãos durante os sécs. XI-XVI. Os seus principais centros de desenvolvimento foram Toledo, Castela, Aragão (em particular Saragoça e Teruel) e Andaluzia (designadamente, os pátios e os salões dos Reales Alcázares de Sevilha).
Como aconteceu com a arte islâmica, os artífices mudéjares centraram a sua atividade artística na arquitetura e nas artes menores, mostrando nas suas obras características muito determinadas: utilização do tijolo e da alvenaria como materiais de construção, emprego do arco em ferradura, de meio ponto e lobulado, tetos planos (artesoados) ou abobadados, gessarias na decoração, muros de grande espessura reforçados por arcarias cegas, utilização do pilar como suporte, ornamentação exterior em que os tijolos eram dispostos em ziguezague, esquinados, etc., e aparição do alfiz para marcar portas, janelas e modilhões de rolo. Todos estes elementos se combinam, principalmente, com as formas românicas e góticas da arte hispânica, centradas na disposição da planta e distribuição dos espaços nos edifícios.
A conquista da cidade de Toledo pela monarquia leonesa, em 1085, não implicou uma mudança radical da população da cidade, na sua maioria formada por muçulmanos, judeus e moçárabes, que durante muitos anos dominaram a atividade da construção. Isso determinou que Toledo se transformasse num dos focos e centros difusores das formas mudéjares mais importantes de toda a península. A estrutura das suas igrejas caracteriza-se pela contínua repetição das formas de construção e decorativas.
Os mais importantes exemplos da arquitetura mudéjar andaluza encontram-se em terras sevilhanas, onde foram erigidas numerosas igrejas de estilo gótico, com claras influências das técnicas e formas almóadas e granadinas (emprego de tetos planos de madeira lavrada e ornamentada, abóbadas cilíndricas de oito panos sobre berços, com rica ornamentação de tijolos e o emprego de arcos em ferradura pontiagudos ou de meio ponto, levantados e demarcados pelo alfiz).
Nos sécs. XV e XVI a arte mudéjar teve a sua continuação no estilo isabelino.
[texto plagiado de Lexicoteca: Moderna Enciclopédia Universal. s.l. : Círculo de Leitores, [imp. 1987], volume 13, entrada Mudéjar]
O compositor Antón García Abril é de Teruel (que, como ficou dito, se gaba dos mais belos edifícios mudéjares). N’O meu baú (aqui) pode ler algumas notas sobre a sua música e ouvir o seu Concerto Mudéjar.