Rolando Almeida, professor de filosofia no ensino secundário público, já aqui segredou que “Do que gosto é de um enorme gabinete cheio de livros, discos e dvd`s. Mas sofro da angústia de ainda não ter podido viajar quanto gostaria”. Agora, confessou as razões por que aconselha o livro que anda a ler.
O que ando a ler:
…um grosso volume de dois economistas americanos. Chama-se Porque falham as nações, de Daron Acemoglu e James Robi (Temas e Debates, 2013).
Em regra há alguns padrões de justificação da pobreza de determinados países:
- O argumento da cultura.
- O argumento historicista.
- O argumento da ignorância.
Os autores neste livro negam qualquer um destes argumentos e propõem que as nações falham quando optam por economias extrativas e não pelas economias inclusivas. O que motiva as economias são, segundo os autores, as instituições políticas. As nações com instituições extrativas são aquelas que extraem para seu favor todo o “tecido” da economia, ao passo que as inclusivas são aquelas nas quais as instituições impulsionam a liberdade económica das pessoas. Temos como exemplo as duas Coreias, sendo a do Norte o limite máximo de instituições extrativas e a do Sul das instituições inclusivas.
Como o descobri:
…numa livraria. Em regra nas livrarias passeio-me entre os livros. Tanto podem ser livrarias on line como físicas. Mais tarde, no blogue De Rerum Natura vi uma referência ao livro, o que acabou por me convencer a comprá-lo. Em regra tenho os meus filtros para comprar livros. E os meus filtros são os amigos em quem tenho confiança intelectual. Tive um período da minha vida em que esses filtros eram alguns jornalistas, mas hoje em dia deixei de comprar jornais já que os bons jornalistas deixaram de ser pagos pela imprensa para fazerem jornalismo de autor.
Vale a pena lê-lo?
Vale, pois o livro sai fora dos argumentos tidos até então como os mais consensuais para interpretar a economia. E vale também porque ambos os autores elaboraram muita pesquisa histórica e de campo para fundamentar a tese, que é ousada.
Onde o tenho lido:
Em regra leio livros em casa, que é o lugar de todos os rituais. Os meus rituais não têm nada de religioso ou místico. São os meus hábitos que cada vez menos dispenso. E um deles é ler no conforto do lar. Raramente tenho grande proveito com leituras nas férias ou fora de casa. Nas férias o meu cérebro adormece. Nunca compreendi como é possível estar a torrar na praia e a ler ao mesmo tempo. Talvez porque para mim a leitura não é um deixar ir…. A leitura é para mim um trabalho mental permanente.
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Conheça as razões por que Carlos Lopes recomenda As velas ardem até ao fim, de Sándor Márai,
e Vasco Araújo, Arquitectura da Felicidade, de Alain de Botton.