ECOS: 25. O símbolo zero

Conceitos fundamentais da Matemática

O homem civilizado de hoje, mesmo com conhecimentos matemáticos que não vão além da instrução primária, começaria a sucessão (1), dos números naturais

(1) 1, 2, 3, 4, 5, 6, … .

não pelo um mas por zero, e escrevê-la-ia assim:

(2) 0, 1, 2, 3, 4, … .

Ao primitivo, de hoje ou dos tempos pré-históricos, não ocorre, porém, o considerar o zero como um número; por isso, não chamaremos ao zero um número natural e à sucessão (2) chamaremos sucessão dos números inteiros.

A criação de um símbolo para representar o nada constituiu “um dos atos mais audazes do pensamento, uma das maiores aventuras da razão” (J. Pelseneer, Esquisse du progrès de la pensée mathématique). Essa criação é relativamente recente (talvez pelos primeiros séculos da era cristã) e foi devida às exigências da numeração escrita. Todos conhecem o princípio em que essa numeração se baseia e qual é o papel que nela desempenha o símbolo zero. Uma coisa em que nem toda a gente repara é que essa numeração constitui uma autêntica maravilha que permite, não só escrever muito simplesmente os números, como efetuar as operações — o leitor já experimentou, por exemplo, fazer uma multiplicação, ou uma divisão, em numeração romana? E, no entanto, já antes dos romanos tinha florescido a civilização grega, onde viveram alguns dos espíritos matemáticos mais penetrantes de todos os tempos; e a nossa atual numeração é muito posterior a todos eles.

[Bento de Jesus Caraça. Conceitos fundamentais da Matemática. 2ª ed. Lisboa: Gradiva, 1998, p. 5-6]

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