Começou — na segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018 — o 2º módulo do 9º curso livre de história da música da Casa da Música do Porto. Um módulo de 3 sessões subordinado ao tema O Tempo e a Música. Esta primeira sessão (com o título O círculo e a seta: da pré-modernidade à modernidade), muito boa sob vários aspetos, começou com a apresentação do plano do módulo.
Foram ouvidos (e perspetivados segundo o tema, de um modo didaticamente exemplar), trechos das 4 peças musicais que deixo a seguir (e onde se apontam diferentes modos de relação entre o tempo e a música):
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Adam de la Halle, De ma dame vient / Comment porroie / Omnes: …uma música focada no presente; um tempo de feição circular:
- Beethoven, Sonata para piano, op. 2/1 [início]: …uma música orientada para o futuro, ativa, progressiva:
- Wagner, Prelúdio de Tristão e Isolda (3’45” a 7’45”): a ideia de mudança gradual é característica da música romântica:
- Stravinsky, 3 peças para quarteto de cordas, II [0’55” a 1’45”] …música feita de uma alternância de blocos, quase independentes e separados por cortes abruptos, criando uma temporalidade fragmentada, descontínua, imprevisível:
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O tempo e a música: a revolução temporal no início da modernidade
Para ilustrar o tema específico da primeira sessão (o lado especificamente musical da revolução temporal operada no final do século XVIII), ouviram-se (mais uma vez perspetivados de um modo exemplar) trechos das duas peças seguintes:
- J. S. Bach, Fuga em Dó Maior do 1º livro do Cravo Bem-Temperado [1’58” a 4’30”]: …(como é típico de uma fuga barroca) apresentação do mesmo tema numa pluralidade de contextos. Apesar dessa diversidade, o tema é sempre o mesmo, é uma entidade estática. Trata-se de um movimento circular.
- W. A. Mozart, Sonata em Dó menor (1784) [12’15” a 18’25”]: …ao contrário (do único tema) de bach, aqui temos dois temas contrastantes: um enérgico e sombrio, outro lírico e gracioso. Esta oposição cria um efeito dramático que potencia uma temporalidade mais linear.