Otimismo e pessimismo

A pretexto do lançamento de Una mente feliz, da investigadora estadunidense Elaine Fox, Alba Serrano publicou no nº 29 da revista Redes para la Ciencia um artigo com o título El optimismo depende de tí. O texto pretende responder às questões: ser otimista é positivo e ser pessimista é negativo? as pessoas felizes e bem sucedidas são otimistas ou pessimistas? Fox responde que uma pessoa otimista tem mais possibilidades de alcançar o sucesso e o bem-estar do que uma pessoa pessimista.

O que é, então, ser otimista ou pessimista? Elaine Fox rejeita a crença difundida de que os otimistas são aqueles que acreditam que as coisas correrão bem, enquanto os pessimistas seriam aqueles que acreditam que as coisas correrão mal. Para ela, “ser otimista tem que ver com as ações que levamos a cabo. Os otimistas tendem a ser pessoas que acreditam que não interessa o que irá acontecer porque serão capazes de fazer algo para resolver os problemas”. Fox batizou este tipo de pessoas como os otimistas realistas. Podem identificar-se pela sua persistência, a sensação de controlo sobre as suas vidas e a sua capacidade para se comprometerem e desfrutarem do que fazem. Segundo Foz, os otimistas recorrem com mais frequência ao sistema de prazer do cérebro, situado no hemisfério esquerdo, enquanto os pessimistas recorrem ao sistema do medo, situado no direito.

Assim, as pessoas positivas reagem melhor a recompensas como a comida ou o sexo e sabem desfrutar mais da vida, embora sejam mais propícias a ter vícios. Por isso desfrutar da vida não é apenas uma boa cura para o pessimismo, como ainda pode ajudar-nos a evitar cair numa depressão clínica, cujos dois sintomas fundamentais são a tristeza generalizada e a incapacidade para experimentar prazer e desfrutar das pequenas coisas da vida.

Mas as pessoas não estão polarizadas: “toda a gente é mistura, ninguém é 100% otimista nem 100% pessimista”. Nesta linha se incluem os trabalhos da psicóloga norte-americana Julie K. Norem, segundo a qual entre uns 30% e 35% de norte-americanos costumam utilizar uma forma de pensamento negativo que pode derivar em resultados muito positivos. Esta estratégia, chamada pessimismo defensivo, afasta-se do derrotismo e tem algum elementos em comum com o otimismo realista, principalmente o facto de pensar que é muito complicado conseguir que as coisas corram bem se não se investir um esforço especial para as melhorar ou as mudar.

Norem discorda de Fox quando considera o pessimismo uma estrutura mental, atitude ou estratégia que pode ajudar a alcançar tanto o sucesso como certa sensação de bem-estar, mas ambas estão de acordo no perigo que existe em deixar-se levar pelo otimismo barato. “Há muitas pessoas que oferecem conselhos e prescrições de autoajuda que parecem passar a ideia de que o otimismo é o segredo da saúde, da riqueza e do bem-estar”, assegura Norem. Segundo ela, entre o branco e o preto, há um cinzento talvez mais escuro que pode ajudar os derrotistas a ajustar as suas inércias autodestrutivas transformando-as num pessimismo mais funcional e ativo, o pessimismo defensivo.

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Scroll to Top