Convidei alguns dos meus amigos para nos revelarem os seus top de 2020: livros, filmes, discos, notícias… o que entendessem que mereceria destaque. A seguir, a síntese de Pedro Rodrigues.
2020 tem demasiados ses e mas e porquês para se conseguir elaborar uma lista de livros e músicas que nos marcaram, e trouxe-me à memória, bastas vezes, Admirável Mundo Novo – ficção científica quando escrito, realidade nos dias de hoje!
A linha do tempo esfuma-se e confunde (será que isto ou aquilo aconteceu em Maio, Setembro ou foi há mais tempo?) e não deixa muita margem para que possamos de forma clara hierarquizar os tempos de ócio e deleite.
Ainda assim, cabem perfeitamente…
…os livros que li e/ou comecei a ler...
…nesse longínquo ano de 2020:
- Consegui finalmente terminar As benevolentes de Jonathan Littell (Dom Quixote), empreitada nada fácil, embora cativante (a história na 1ª pessoa de um oficial das SS durante a II Guerra Mundial, carregado de factos históricos romanceados, dúvidas e constantes lutas internas de um homem profundamente marcado pelas suas escolhas e angústias). Podia ter terminado de forma menos abrupta mas…
- Continuando na senda dos “calhamaços”, encontro-me no último terço de um clássico da literatura mundial, A Montanha Mágica de Thomas Mann (Edição “Livros do Brasil”). Nada melhor para quebrar o confinamento que uma fantástica aventura que atravessa praticamente todas as áreas de conhecimento (militar, médico, psicologia, literatura, música, desamores).
Montanha Mágica foi, também, leitura de 2020 de Vítor Cardeira.
- Mais da área profissional, recomendo vivamente Factfulness de Hans Rosling (Temas e debates) – de fácil leitura, coloca em perspetiva a forma como vemos o mundo (uma vez mais, adequadíssimo aos tempos atuais), que está mal, mas a melhorar! E The Corporate Athlete : How To Achieve Maximal Performance In Business And Life, de Jack L. Groppel e Bob Andelman (gestão de recursos (humanos) com base na energia e não no tempo ou nas capacidades técnicas).
Pode ler-se aqui uma recensão a Factfulness.
Recuando para lá de 2020…
Mas a literatura não pode cingir-se aos meses recentes; não posso (nem quero) deixar de lado alguns dos que me acompanharam nos últimos anos:
- Vargas Llosa, de quem seleciono obras como A Guerra do Fim do Mundo (olá, Brasil), A Festa do Chibo (fenomenal romance sobre a queda de Trujillo) ou Pantaleão e as Visitadoras (mais puxadote para a brincadeira), sem esquecer, claro está, Lituma nos Andes.
- Jonathan Franzen, muito atual, em Liberdade, Purity ou Correcções.
- Jorge Amado, sendo obrigatória a leitura de Dona Flor e seus dois maridos.
- Sommerset Maugham e o eterno No fio da Navalha.
- Italo Calvino, Gabriel Garcia Márquez, António Lobo Antunes, Manuel da Fonseca…
- (que me desculpem os muitos outros, pois estenderia a lista para fora do limite do ecrã 😊)
Na música, pia mais fininho!
Não consigo tempo para poder voltar a descobrir mais / outros cultos; ao 3º segundo sai logo um “que música esquisita; muda, muda ou desliga!” (ser pai custa, muito!)
Dediquei-me, portanto, aos podcasts – Radar e SBSR principalmente, com uma alargada oferta de estilos dos quais sou ouvinte assíduo de Floresta Mágica (rock progressivo e psicadélico dos anos 60 e 70), Pastilha Elástica (revisitar os gloriosos anos 90), Six Pack (seleção dos ouvintes de 6 músicas relacionadas com o tema da semana) Planeta Futuro, Mais que um Piano, Rui Maia fala sobre discos, Ponto Pê Tê – e Youtube (basicamente NPR Tiny Desk Concerts (obrigatório, Patrick Watson ou Andrew Bird)).
(agora fiquei com vontade de revitalizar o velhinho iPod com os milhares de músicas, que está religiosamente preservado como novo 😊)
Bom…
…e é isto. Sem Top 5 mas com muito para partilhar.
Pedro Rodrigues, segundo o próprio
44 anos, embora não pareça, e
Sofredor resignado (Sportinguista e Pai de 3 fantásticas meninas)
Gosto muito de desporto (futebol em particular), humor (british what else) e de conversas longas e animadas.
Não digo que não a um bom desafio e, profissionalmente, desenvolvi carreira na área de vendas e marketing.
Já perdi o sotaque, mas continuo viseense orgulhoso
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Acompanho as leituras e a música. As Benevolentes (ainda) não conheço…