Quevedo

QUEVEDO Y VILLEGAS (Francisco GOMEZ de)

Quevedo é um escritor espanhol (Madrid, 17.9.1580 – Villanueva de los Infantes, 8.9.1645).

Quevedo
Retrato de Quevedo, incluído nas ilustrações de “Parnasso español”, © Bilioteca Nacional de España

Fez os primeiros estudos com os jesuítas, tendo estudado depois nas Universidades de Alcalá de Henares e de Valhadolide, onde começa a sua interminável inimizade a Gôngora. Em 1613, partiu para Itália como conselheiro do duque de Ossuna e é encarregado de delicadas missões diplomáticas.

Quando secretário de Filipe IV, foi encarcerado pelas suas sátiras contra o conde-duque de Olivares (1639).

Erudito, Quevedo cultivou praticamente todos os géneros literários: foi poeta, dramaturgo, novelista e epistológrafo. A sua vastíssima obra faz dele o humorista mais impiedoso do seu tempo. Aparentemente moldada por duas orientações antagónicas que parecem opor as obras satíricas e burlescas aos textos de reflexão séria e assunto grave, encontra a sua unidade no propósito crítico moralizador que a enforma toda.

Conhecido desde o início pelos seus poemas de amor, Quevedo é considerado como um representante do barroco europeu e mais concretamente, daquilo que se chamou o “conceptismo“, uma das duas tendências do barroco espanhol, então no seu apogeu; nisso opõe-se violentamente a Gôngora e aos poetas que utilizam o estilo gongórico ou culterano, contra quem dirige uma investida satírica em La aguja de navegar cultos con con la receta para hacer ‘Soledades’ en un día (1631).

Como Gôngora (outro grande poeta da época), destaca-se na sátira burlesca e nos pequenos poemas (Letrillas), dirigidos contra tipos humanos contemporâneos; veja-se, como exemplo, Poderoso caballero es don dinero… (Poderoso cavaleiro é o senhor dinheiro…). Das suas obras líricas, publicadas postumamente, são especialmente notáveis os romances e sonetos, onde os temas morais e amorosos (o amor e a morte, a desilusão e o fluir do tempo) se juntam aos burlescos.

El Parnasso Español é uma compilação das poesias de Francisco de Quevedo, levada a cabo por José Antonio González de Salas e comentada pelo próprio escritor.

Foi graças a Buscón (1626; título completo em espanhol: Historia de la vida del Buscón, llamado don Pablos; ejemplo de vagamundos y espejo de tacaños, livremente traduzido para o português como História da vida do Buscón, chamado don Pablos, exemplo de vagabundos e espelho de velhacos) e a Los Sueños (Os Sonhos, 1627) que a sua fama e popularidade ultrapassaram fronteiras.

Historia de la vida del Buscón é o mais cínico dos romances picarescos. A sátira da realidade, que ele por vezes deforma até ao absurdo e grotesco, é o traço mais característico da sua produção narrativa. Em Los Sueños, pequenos textos satírico-fantásticos, assiste-se a uma ronda infernal onde nobres e plebeus, políticos e mercadores são maltratados com uma verve barroca.

Caracteriza a sua linguagem o jogo de palavras engenhoso, a antítese nas frases, nas ideias e nas palavras, a associação frequente e, por vezes, inesperada, o recurso à hipérbole e à metáfora. Toda a sua obra revela um sombrio pessimismo que desemboca na morte.

Ainda hoje é um dos mais apreciados e discutidos escritores da sua época.

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