A Força do Destino
é uma ópera de Giuseppe Verdi (1813-1901) que se baseia num drama romântico espanhol e cujo enredo se pode sintetizar assim (por Rupert Christiansen):
Sevilha, durante o século XVIII. Quando a nobre Leonora se prepara para fugir com Alvaro –– uma figura misteriosa, de estilo byroniano e ascendência inca –– o seu pai entra para os impedir de concretizar as suas intenções. Quando Alvaro se rende, deixando cair a sua pistola, esta dispara acidentalmente e mata o pai de Leonora. Leonora e Alvaro fogem cada um para seu lado, cada um acreditando que o outro morreu. Carlo, o irmão de Leonora, persegue-os aos dois, procurando vingar-se pela desgraça que trouxeram à família. Depois de escapar por pouco a Carlo, Leonora pede ao Padre Guardiano, que é responsável por um mosteiro, que lhe dê abrigo. Este aceita acolhê-la num eremitério solitário.
Alvaro e Carlo assumem diferentes identidades e juntam-se a um contingente espanhol a lutar em Itália, na Guerra da Sucessão Austríaca. Alvaro salva Carlo de ser morto por um grupo de rufias. Desconhecendo a identidade um do outro, os dois homens juram amizade. Então, Alvaro fica gravemente ferido numa batalha. Confia a Carlo um pequeno cofre com objectos pessoais, pedindo-lhe que o abra depois da sua morte. As suspeitas de Carlo acerca da verdadeira identidade de Alvaro são confirmadas quando aquele, traiçoeiramente, abre o cofre e aí encontra um retrato da sua irmã Leonora. Depois de Alvaro recuperar, Carlo insulta-o e provoca um duelo inconclusivo. Alvaro regressa a Espanha e, por coincidência, entra no mesmo mosteiro que acolheu Leonora.
Vários anos mais tarde, Carlo descobre o paradeiro de Alvaro e desafia-o para outro duelo, às portas do eremitério. Alvaro fere fatalmente Carlo, e percorre o eremitério em busca de uma pessoa santa que lhe administre os últimos sacramentos. Leonora aparece e fica espantada por se ver diante de Alvaro, mas Carlo, vingativo até ao fim, consegue ainda ter forças para a apunhalar até à morte. O Padre Guardiano tenta trazer algum conforto religioso a Alvaro, desesperado.
[Guia da Ópera. Lisboa: Edições 70, 2007, p. 207-208]
- É fácil de perceber a razão do título da ópera (vá lá… por que razão se chama A Força do Destino?)
- Já agora… o leitor acha que há destino? como sabe — que (não) há?
Enquanto responde às perguntas, proponho-lhe ouvir a muito tocada abertura da ópera (que começa com o tema do “destino”):
…e ouça Leonora (no mosteiro, disfarçada de homem) cantar La Vergine degli Angeli e Pace, Pace, mio Dio