Vítor Guerreiro, 2017

Vitor Guerreiro nasceu em 1977 no Barreiro e vive no Porto. Licenciou-se em filosofia na FLUL, completou o doutoramento na área de estética / filosofia da música na FLUP. É membro do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto (grupo MLAG). Traduz filosofia e outras coisas desde 2005, uma aventura que começou com a colaboração para a revista Crítica na Rede. Tem um cão, anda de bicicleta, joga gamão e canta canções irlandesas, escocesas, russas, entre outras.

Costuma andar por aqui:

[26/10/2017]

Vítor Guerreiro

Baú:

O navio onde viajas tem carga a mais. A ti, coube-te lançar à água dois dos 3 livros que levas (um de filosofia, um de música e um romance).

Vitor Guerreiro:

Como o mero facto de ser de filosofia, de música ou um romance não determina a qualidade e o interesse, a pergunta é difícil de responder, mas podemos partir do princípio de que a escolha seria para fazer entre coisas de qualidade e interesse igualmente elevados. Bom, em princípio iria primeiro o de música borda fora, e depois talvez fizesse a escolha mediante o tempo de viagem restante e a extensão de cada um dos livros. Se o romance fosse algo como Vida e Destino de Vassili Grossman e a viagem muito longa, talvez ficasse o romance. Contudo, o livro de filosofia talvez superasse noutras características, que não a extensão, mantendo a mente ocupada mesmo sem estar continuamente a ler.

B:

Lançados os livros, ficaste com três objetos: o livro, um dvd com o teu filme preferido e um leitor de mp3 com uma coleção dos teus top musicais. Um deles também tem de ir para o fundo do mar.

VG:

Nem é preciso pensar: o dvd.

B:

No dia dos namorados, recebeste um cheque-prenda para comprar um cd. Escolhe.

VG:

O álbum Solo Flight do Ewan MacColl, que não sei onde foi parar..

B:

Sabemos que, no dia do teu aniversário, uma das prendas foi a passagem para o formato eletrónico (ebook) de uma obra da tua biblioteca. Segreda-nos qual foi.

VG:

Sucede que já fiz isso a todos os que queria levar sempre comigo. Porém, perdi o ficheiro de um deles: Real Beauty, do Eddy Zemach. Portanto seria esse.

B:

Tens de mudar de profissão. Para te compensar de eventuais transtornos, seja qual for a escolha, terás carro (o que preferires), cartão de crédito… e 600 mil euros anuais. Uma condição: tem de ser a profissão que te dê mais gozo (testaremos isso com a máquina do gozo profissional).

VG:

Não quero um carro. Talvez uma bicicleta melhor. Se recebesse isso por cantar canções folk na rua… É porque toda a gente à minha volta estaria a viver mesmo muito bem.

B:

A Brigada dos Bons Costumes vai queimar-te a biblioteca toda. Toda, não: permite-te ficar com uma obra apenas.

VG:

Ficava o Discurso Sobre o Filho da Puta do Alberto Pimenta, para ler aos gajos.

B:

Os deuses estão fulos com a humanidade: vão destruir todas as cidades. Deixarão apenas ficar uma para tu viveres. Diz-lhes qual há de ficar de pé.

VG:

O Porto, claro.

B:

Estás condenado a escolher, sem hipótese de abstenção, mas apenas um: Sartre, Nietzsche, Heidegger.

VG:

Vou ficar com Sartre.

B:

Para a ilha deserta, só podes levar um destes três B: Bach (Johann Sebastian), Beethoven, Beatles.

VG:

Bach.

B:

Tens pozinhos mágicos que te permitem ressuscitar quem tu quiseres. Duas condições: só os podes usar uma vez; nunca em proveito de qualquer familiar.

VG:

O Bernard Suits, para que escrevesse outro livro como a Cigarra.

***

||| Vítor Guerreiro escreveu para O Meu Baú um texto onde apresenta alguns problemas de Filosofia da Música e bibliografia apropriada para quem tem curiosidade sobre o tema.

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