AFONSO, José

José AfonsoJosé Afonso — o  Zeca, para os amigos — nasceu a 2 de agosto de 1929, em Aveiro, e faleceu, em Setúbal, a 23 de Fevereiro de 1987. Sobre ele, escreveu António Victorino d’Almeida, no 2º volume de Toda a música que eu conheço (Oficina do Livro):

Em Portugal houve um exemplo flagrante de capacidade de inter­venção na pessoa de um compositor que sempre fez questão de procla­mar que apenas sabia fazer «música ligeira»…

Efectivamente, José Afonso (1929-1987) seria autor de música ligeira, canções muitas vezes acompanhadas à guitarra, mas, noutros casos, servindo-se de pequenos agrupamentos instrumentais que já poderiam em certos casos filiar-se num conceito popular de música de câmara…

De qualquer modo, a música de José Afonso sempre foi estrutu­ralmente simples e muito directa, mas revestiu-se de uma eficácia exemplar, ao ponto de a podermos apontar como um dos grandes elementos responsáveis pela queda do regímen implantado por Salazar.

Para além da famosa Grândola, que foi um dos hinos da revolução do 25 de Abril, José Afonso compôs canções e baladas que poderão considerar-se pequenas obras-primas de bom gosto – e também de um humor acerado que não exclui, nalguns casos, a ternura -, para além da fortíssima carga ideológica em defesa de uma sociedade mais justa que ainda hoje conseguem transmitir. (p. 295)

Os Vampiros foi, durante muitos anos (e ainda hoje), uma referência do seu cantautor. Em 25 anos de rock’n Portugal (Bertrand), António A. Duarte lembra que a balada foi, em 1963, uma bomba.

Apesar da linguagem figurada (“No céu cinzento, sob o astro mudo, batendo os asas pela noite calada, vêm em bando, com pés de veludo, chupar o sangue fresco da manada”) o regime enfiou a “carapuça” e mandou sacar todos os discos de Os Vampiros dos estabelecimentos da baixa lisboeta, no Outono de 1963. Os Vampiros passou a ser a balada maldita, a senha de todos os convívios onde se falava de mais qualquer coisa sem ser futebol, miúdas e trivialidades. (p. 33)

[a interpretação do último concerto do Zeca — no Coliseu de Lisboa]

||| Ouça, aqui, Escandinávia bar e Década de Salomé, do álbum Galinhas do Mato.

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Scroll to Top