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TAVIRA é, na opinião de Le guide du routard de Portugal ([s.l.]: Hachette, 2005) uma cidade costeira que deverá deixar ao turista uma linda recordação do Algarve. Desde que a conheço, o encanto de Tavira (“que foi no século XVI a cidade mais povoada da região”) tem a sua origem no facto de ter sido “durante muito tempo completamente preservada da urbanização turística”.
Os autores do guia apontam 3 razões para essa preservação: “em primeiro lugar, o mar está a 3km; depois, o solo é demasiado mole para permitir a construção de grandes hotéis; por fim, a longa administração socialista do município […] sempre resistiu aos sonhos de marina dos promotores imobiliários”.
Ouvi, a propósito, o meu amigo Carlos Lopes, bom conhecedor de Tavira, nos vários domínios que à cidade (e à região) dizem respeito:
Se eu tivesse de avaliar esse guia por este texto, teria, necessariamente, de aconselhar a sua não compra.
As três razões apontadas por essa gente fazem-me lembrar o meu amigo Raposo que dizia: “os quatro apóstolos são três: Pedro e João”. Aqui e neste caso, as razões da não edificação é… a primeira. A segunda e a terceira deveriam ser invertidas: o solo é duro e os autarcas… moles. Bastava seguir o itinerário dos autarcas, para ver como eles tentaram “desenvolver” Tavira. Os investidores é que não tinham aqui um local apetecível… e as leis, depois, inviabilizaram.
[telhados de tesouro]
Uma das particularidades de Tavira: os telhados de tesouro (ou de tesoura). “Telhado de quatro águas, bastante inclinado, assente numa série de barrotes divergentes, que sustentam a cumieira (madre),e cujo afastamento se mantém por meio de uma trave (nível ou aspa): ao conjunto dá-se geralmente o nome de asna ou tesoura; quando as dimensões do telhado são muito pequenas, a aspa pode ser suprimida. A maior parte tem perfil trapezoidal mas, quando a superfície a cobrir é exígua, toma a forma de uma pirâmide aguçada” (Orlando Ribeiro. Geografia e Civilização. [s.l.]: Livros Horizonte, [s.l.], p. 97).
[porta de reixa]
Outro destacado elemento característico é as tradicionais portas ou janelas de reixa. Marcos culturais da cidade com ameaças de extinção, são feitas à base de um rendilhado de ripas de madeira e respondem a uma preocupação com a ventilação, arejamento e defesa da intimidade da habitação (permitindo, do interior, ver sem ser visto; por isso, as encontramos maioritariamente nos pisos térreos) . Arquitetura popular, “uma herança árabe em terras do sul”, como assinala o comentário a este vídeo: