Motivo

Em Filosofia da Ação, o motivo é a razão de agir.

“Quando se pergunta pelos motivos da ação

(o juiz que pergunta ao assassino pelo motivo do seu crime; o amante, à amada pelo motivo do seu aborrecimento; um amigo ao outro, pelo motivo do seu atraso)…

o que se pretende saber? Analisaremos aqui os dois sentidos mais habituais deste termo: motivo como causa e motivo como fim.

  • Por motivo como causa entende-se aquilo que empurra a ação. Em geral, todas aquelas considerações e fatores que me movem a fazer algo, ou a não o fazer, são os motivos ou causas da minha ação. Por exemplo: o motivo de ir ao multibanco tirar dinheiro é que estou nas lonas; o motivo de entrar no restaurante é que tenho fome.
  • Por motivo como fim entende-se aquilo que persigo com a minha acção. Podemos considerar que tudo aquilo que pretendo conseguir é o motivo ou objetivo da minha acção. Por exemplo: o motivo de tirar dinheiro do multibanco é poder pagar o almoço; o motivo de entrar no restaurante é que gostaria de comer.

Motivo e causa

Quando dizemos que os motivos são as causas que nos levam a atuar, não utilizamos o termo causa como o usa a ciência. Em Física, dizemos que um acontecimento C causa um acontecimento E se, sempre que se dá C, se dá inevitavelmente E. Assim, a fricção é a causa do calor se C (fricção) sempre for seguido de E (calor). Quando dizemos que um motivo M é a causa da ação A, não queremos dizer que, sempre que se der M, se dará A. Por exemplo: se dizemos que o desejo de passar de ano é o motivo de eu estudar (ou que o desejo de passar de ano é a causa de eu estudar), não estamos a dizer que sempre que sentir esse desejo me vá pôr a estudar. O que queremos dizer é que, neste caso, o desejo de passar de ano me condiciona, empurra ou inclina para atuar dessa maneira, mas não que determine inevitavelmente essa ação.”

(traduzido e adaptado de VVAA. Filosofía. Barcelona: Grupo Edebé, 2004, p. 224)

[Pretexto para a publicação deste texto: o tema A ação Humana do programa atual (ano letivo 2011/12) do 10º ano de Filosofia tem uma rubrica (A rede conceptual da ação) onde o motivo é conceito central

Ver ainda outro conceito central para a rubrica: o de agente].

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