O Trovador de Verdi

Il Trovatore

Vamos admitir que há um dia dos namorados. Se for o dia de São Valentim, como em Portugal (os brasileiros adotaram, mais lusitanamente, o dia de Santo António, o casamenteiro), foi nesta semana. Aproveito o pretexto para recordar uma das mais populares óperas de Verdi: Il Trovatore. Uma estória de ciganos. Mais uma de amor e morte.

Em síntese, a trama é a seguinte: uma cigana foi queimada na fogueira por bruxaria. Sua filha, por vingança, sequestra um dos filhos do velho Conde de Luna, que ainda era bebê. Os anos passam e o irmão do bebê sequestrado é o novo Conde de Luna que está apaixonado por Leonora. Esta, por sua vez, só tem olhos para Manrico, o Trovador, que é o filho sequestrado. Daí em diante são duelos, conflitos, revelações e um desfecho dramático (síntese rapinada daqui).

Um dos trechos mais famosos é o início do 2º acto, numa cena que tem lugar num acampamento de ciganos. É o coro dos ciganos (ou dos ferreiros), onde a música (instrumentos e vozes) se mistura com o som de bigornas e martelos. A publicidade encarregou-se de reforçar a sua popularidade:

Deixo a letra

[com tradução rapinada daqui e de que destaco Quem embeleza os dias do cigano? / a ciganinha: um hino aos prazeres da vida boémia, em contraste — ou talvez não — com a “sinistra” canzone final, que poderá ouver a seguir]:

Olhai! as escuras roupas nocturnas que
cobriam a imensa abóbada do céu afastam-se,
parece uma viúva
que por fim despe
as roupas negras com as quais se cobria.
Ao trabalho vamos, martelem.

Quem embeleza os dias do cigano?
a ciganinha

depois só os homens

Escutem-me um pouco
a bebida dá ânimo e coragem
ao corpo e à alma

Completando todo o coro

Oh Olha olha
no teu corpo brilha um raio
mais brilhante que os do Sol
Ao trabalho! ao trabalho!

Quem embeleza os dias do cigano?
A ciganinha

Azuzena, a filha da cigana que o velho conde de Luna queimou no passado, está absorta frente ao fogo, enquanto os ciganos cantavam.

Azuzena começa então um estranha canzone, assim qualificada na partitura e não como ária e que por isso tem duas estrofes iguais. Trata-se de “Sride la vampa” (crepita a chama), uma das mais famosa árias para mezzo-sopranos.

Ela recorda o dia tenebroso quando sua mãe foi injustamente condenada. Numa primeira alusão ao ambiente em redor, a alegria das pessoas.

Terminando

Crepita a chama, chega a vítima
vestida de negro, desenfaixada e descalça!
Elevam-se gritos ferozes de morte
e o eco repete-os de um barranco para outro!
Sinistras reluzem sobre os seus horrendos rostos
as tétricas chamas que se erguem até ao céu

Versão orquestral:

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