Setembro, o sétimo mês do calendário romano

Setembro é o nono mês do nosso calendário atual. E porquê lhe chamamos “setembro”? A pergunta pode parecer tola; mas, sendo o nono mês, fará sentido chamá-lo com uma palavra que tem origem no número sete? É que o étimo de setembro é o termo latino Septembre-, o qual deriva do termo também latino septe-, de onde nasceu o português sete.

Setembro e os outros meses: a origem dos nomes

A explicação é simples: setembro era o sétimo mês do calendário romano. Como se pode ler aqui, o primeiro calendário (lunar, implantado, segundo a lenda, por Rómulo, o fundador de Roma) tinha 304 dias, distribuídos por dez meses e começava em março (no equinócio da Primavera). Contas feitas, setembro era o sétimo mês e os meses seguintes eram igualmente designados pela sua numeração: outubro, o oitavo (do latim octobre-, derivado do numeral cardinal octo, oito); novembro, o nono (novembre-); e dezembro, o décimo (decembre-).

No texto Quando começa o Ano Novo?, já fiz referência à “dança dos calendários”. Por volta de 713 a.C., o segundo rei de Roma, Numa Pompílio, além de outras alterações listadas aqui, adicionou os meses de januarius (janeiro, com 29 dias) e februarius (fevereiro, com 28 dias); mas, como ambos foram parar ao final da lista, a numeração dos meses já existentes permaneceu.

Sextilis, como se adivinha, era o sexto; a mudança para o nome augustus (o nosso agosto) ocorreu durante o mandato do primeiro imperador de Roma, Octávio Augusto. Octávio fora sagrado imperador de Roma; em 27 a.C., o senado concedeu-lhe o título de augusto (da palavra latina augure, augustus significa majestoso, venerável, magnífico), consagrando deste modo a sua missão divina. Sextilis passou a agosto, porque vários acontecimentos significativos da ascensão ao poder de Augusto ocorreram naquele mês… augusto.

Em 44 a.C., o mês anterior a sextilis tinha deixado de ser quintilis (o quinto) para se tornar julius (julho), em homenagem a Júlio César, tio de Octávio, que reformulara o calendário e nascera… precisamente, em quintilis… ou em julius. Há quem diga que, por não querer ser menos do que Júlio César, o sobrinho (ou o senado por ele) aumentou um dia a agosto, para ter o mesmo número de dias de julho. Invenção, segundo parece, do estudioso do século XIII João de Sacrobosco: sextilis já teria 31 dias antes de ser rebatizado.

De janeiro a junho, os nomes dos meses estão inspirados em divindades romanas:

  • Janeiro (como escrevi no já citado texto Quando começa o Ano Novo?) é uma homenagem a Jano;
  • fevereiro, o mês das expiações ou purificações, vem do latim februarius, inspirado em Fébruo, divindade infernal na mitologia etrusca;
  • março (martius) lembra Marte, o deus da guerra. Recordo que a terça-feira recebe em espanhol o nome de martes, o dia de Marte, tal como o mardi francês…
  • a origem latina de abril é aprile-. Mas a etimologia desta última é polémica; há quem a faça remontar ao etrusco apru e, por essa via, ao grego Αφρο (Afro), hipocorístico de Afrodite (a deusa do amor a quem o mês é dedicado);
  • maio (Maiu-) celebra Maia, uma das sete Plêiades;
  • junho (juniu-), Juno, esposa de Júpiter, guardiã do casamento e do bem-estar das mulheres.

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||| Este é o primeiro texto da série A origem dos nomes.

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