Poeta épico grego, autor, segundo a tradição, da Ilíada e da Odisseia. Já os antigos sabiam muito pouco da sua vida (várias cidades gregas reivindicavam a sua naturalidade). Modernamente, chegou mesmo a duvidar-se da sua existência. A chamada questão homérica refere-se ao debate sobre a existência do escritor grego, bem como à discussão em torno da verdadeira identidade do autor da Ilíada e da Odisseia.
O número 17 da revista espanhola especial Clío, dedicado à formação do mundo clássico, aborda assim esta questão:
AS ORIGENS, A BIOGRAFIA E A PRÓPRIA EXISTÊNCIA de um único autor que teria elaborado os 30.000 versos da Ilíada e da Odisseia é um dos grandes temas de debate, até já no mundo antigo. Como pôde um poeta cego [nota do Baú: a própria palavra Homero poderá significar cego, sem luz do dia] que vivia numa sociedade sem tradição escrita anterior importante produzir duas obras tão impressionantes e complexas?
A própria origem de Homero também está em questão. A tradição conta que o poeta terá nascido em Quios, uma ilha do norte do Egeu situada em frente à costa da Ásia Menor, e que portanto conheceria na perfeição os lugares onde decorre a ação da Ilíada. Mas a verdade é que só temos uma constatação desta lenda: O hino a Apolo Délio, escrito em inícios do século VI a.C. (uns duzentos anos após a suposta época de Homero), no qual se assinala que o autor da Ilíada era um cego que residia na ilha de Quios. Outros lugares que se dizem ser a terra natal do poeta são as cidades de Atenas, Pilos e Esmirna, e as ilhas Ítaca, Rodas e Salamina. Sobre isso, não há consenso, portanto.
Com certeza, sabemos apenas que há 2.500 anos o poeta gozava de uma reputada fama no mundo grego clássico. A poetisa Safo cita-o nos seus versos, ao lado de Pisístrato, Ésquilo e outros grandes autores deste período. Os seus poemas eram de leitura obrigatória nas escolas de Aristóteles e Platão. Mas no fundo ninguém nos responde ao problema principal: Quem foi, na realidade, Homero? Houve vários Homeros? Foi um homem ou talvez uma mulher? Inspirou-se na tradição ou a obra foi uma criação sua? Ainda ninguém pode, hoje, responder a estas perguntas.