Em Por quem os sinos dobram, uma das obras mais conhecidas do escritor estadounidense Ernest Hemingway, fazem-se algumas referências a um hotel madrileno, quartel geral dos russos em Madrid (durante a Guerra Civil espanhola, o cenário do referido livro): o hotel Gaylord‘s, uma das obras emblemáticas do estilo arquitetónico denominado racionalismo madrileno dos anos 30 do século XX.
As múltiplas referências que lhe faz um dos personagens principais do romance, o americano Robert Jordan (recordações do próprio Hemingway?) despertaram-me a curiosidade pela história do hotel. A página Hotel Gaylord’s, el hotel de los espías (de onde é copiada a imagem que ilustra este texto) faz uma breve síntese dessa história, que termina nos anos sessenta do século XX.
Hotel Gaylord’s, o hotel Michelin dos espias
É assim que o designa este artigo.
Inaugurado em 1931, este estabelecimento nasceu como a versão espanhola de um edifício de apartamentos exclusivo e muito famoso nos Estados Unidos. O Gaylord original fica em Wilshire Boulevard em Los Angeles, Califórnia; está lá desde 1924 como residência de ricos e famosos.
Antes da Guerra Civil, o Gaylord’s era palco de banquetes, receções de casamento e saraus da alta sociedade madrilena. A qualidade da sua oferta gastronómica foi recompensada em 1936 com duas estrelas Michelin. Segundo descreveu Hemingway em Por Quem os Sinos Dobram, a sua cozinha não sofreu muito durante o cerco de Madrid. Era aí que Jordan desejava ir “jantar com Karkov e comer bem e beber boa cerveja e saber como ia realmente a guerra” (Ernest HEMINGWAY. Por quem os sinos dobram. Lisboa: Livros do Brasil, [s.d.], p. 221).
Também um sítio cheio de intrigas e boatos e conversas cínicas. Talvez por isso Jordan duvide de que a sua amante cigana Maria, símbolo da simplicidade e da pureza, possa ser levada ao Gaylord’s