O sociólogo Pierre Bordieu (1930-2002) deu, no Collège France e de 1998 a 2000, um curso sobre Manet (1832-1883). Estas lições, a que se juntou um ensaio inacabado sobre o mesmo assunto (Manet l’hérésiarque, escrito em colaboração com a sua mulher, Marie-Claire Bourdieu) foram publicadas no livro Manet, une révolution symbolique, recentemente lançado.
O Libération de 2-3 do corrente mês de novembro dedica um mini-dossiê, de meia dúzia de páginas, ao livro e à dimensão revolucionária da obra do pintor do século XIX. Bordieu (que vê em Manet um agente de uma “revolução simbólica”, uma “bomba simbólica”) propõe uma interpretação não puramente estética, mas sociológica e política: Como se opera uma revolução simbólica e como consegue impor-se? poderá a arte ser instrumento redefinidor dos campos do poder? é possível mudar a sociedade que nos rodeia optando por quebrar a norma, no domínio artístico, como no domínio político ou económico?
Como compreender, por exemplo, o escândalo suscitado, na época, por este quadro?
O dossiê do Libération (em francês) [clique para ler e/ou descarregar]
A nudez é do mais revolucionário que encontramos, mas não é a do corpo. Com máscara, o rosto vai nú, paradoxalmente.