António Lobo Antunes nasceu a 1 de setembro de 1942. Celebro o seu 71º aniversário, recordando uma entrevista sua à Pública, suplemento do diário Público, de 30 de janeiro de 2000.
Já aqui publiquei parte dela (afirmações polémicas sobre a poesia e sobre poetas portugueses, designadamente, Fernando Pessoa); pode agora ler-se na íntegra.
Lobo Antunes opina sobre os políticos
[são criaturas odiosas, a maior parte das vezes],
sobre o seu processo de criação literária
[É como encontrar um botão na rua e andar à procura de um fato para o botão.
Que o romance seja uma espécie de máquina de comover, como se dizia que a música de Bach era, implacável [de modo a] estarmos a ler e não sentirmos o trabalho
[…] o facto de escrever protege-me do sofrimento],
sobre os seres humanos
[as mulheres são muito mais ricas interiormente que os homens]…
…e sobre si próprio
[Comecei a namorar muito tarde, tive uma iniciação sexual muito tardia… cheguei tarde à vida. Passei a faculdade a ler, a escrever e a jogar xadrez., tudo me passava ao lado. Acho que acordei na guerra.
Não vou muito a bares, não bebo, nunca bebi.
Acabado [um] livro, o primeiro mês é agradável porque penso que fiz uma obra-prima. E nunca mais volto a lê-lo, não vejo provas, nada, nada.
Quando acabei [a Exortação aos Crocodilos], lembro-me de ter telefonado ao Tom [o agente] a dizer: este é o meu melhor livro, não conheço nenhum romance tão bom, escrito em português ou em qualquer outra língua, é dos melhores livros que já se escreveu.
[…]sei que posso fazer coisas muito boas, que ninguém escreve como eu… não sou vaidoso, mas tenho esta certeza, para mim é tão evidente… sei que se trabalhar muito posso fazer melhor do que fiz].
A entrevista completa: