A ciranda é uma dança de roda, infantil, vulgaríssima no Brasil. Foi levada de Portugal (dizem alguns estudos), onde é bailado de adultos (dos tempos de meninice, recordo-me de ser dançada, nas tardes de domingo, no largo central da aldeia onde fui criado). No Estado do Rio de Janeiro (Parati) é samba rural “e também dança paulista de adultos, terminando o baile rural do fandango, em rodas concêntricas, homens por dentro e mulheres por fora. Música e letra são, em maior percentagem, portuguesas, e uma das rondas permanentes, na literatura oral brasileira, atestando a velha observação de que as cantigas infantis são as mais difíceis de renovação porque as crianças permanecem conservadoras, repetindo as fases de cultura peculiares a esse ciclo cronológico” (CASCUDO, Luis da Camara. Dicionário do folclore brasileiro. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 5ª ed., p. 231)
De mãos dadas, uma grande roda é formada por mulheres, homens, rapazes, moças e crianças. Enquanto movimentam o corpo, simulando o movimento das ondas do mar. Girando à direita, com os braços e pés em movimentos graciosos, todos ondulam os seus sonhos acompanhando as canções tiradas pelo Mestre que, quase sempre, está no centro da roda ou lado. O Mestre Cirandeiro, também chamado de Puxador de Ciranda, é acompanhado por uma pequena orquestra que tem o ritmo marcado pelo zabumba e o tarol. Entretanto, é comum que esses instrumentos tenham a companhia de clarinete, trombone e piston. As pessoas repetem os versos do “puxador” da Ciranda. A Ciranda é a mais simples de todas as danças populares. Não requer prática, nem habilidade. Seu ritmo lento e suave permite também a participação de pessoas idosas e atrai crianças pela facilidade e singeleza.
[copiado daqui]
Ciranda é, portanto, brincadeira de criança (e dança de roda de adultos bem democrática: todos podem dançar — cirandar):
Maria Madalena Correia do Nascimento, conhecida por Lia de Itamaracá, (Itamaracá, 12 de janeiro de 1944) é uma dançarina, compositora e cantora de ciranda brasileira [mais informação, aqui]. “Ciranda acompanha as ondas do mar, sempre com o pé esquerdo”, diz Lia.
Uma das mais belas cirandas (para mim, claro) é da autoria de Edú Lobo e Chico Buarque de Holanda: a Ciranda da Bailarina (a seguir, na voz de Adriana Partimpim. Atenção à letra!)
Villa-Lobos também compôs cirandas (baseado em canções infantis). Deixo duas:
Terezinha de Jesus (reconhece?)
A Canoa Virou
[ilustração de Fernando Botero]