SONS # 3 os mistérios da voz

Termina, hoje (29/abr/2012), a edição de 2012 dos Dias da Música, que, desde sexta-feira e no Centro Cultural de Belém, percorreram a história da voz desde a Idade Média aos nossos dias através de sessenta concertos e um baile. Por o mote, este ano, ser a voz humana, o programa Última edição da Antena 2 da passada sexta-feira recordou alguns livros que sublinham o poder da voz.

  1. O pequeno livro A voz humana de Jean Cocteau (Assírio & Alvim. Tradução de Carlos de Oliveira) é uma grande referência. Um poderoso monólogo de uma amante abandonada, um diálogo de que apenas conhecemos o que diz um dos interlocutores. Amor, angústia, desejo, a iminência do trágico…
  2. A voz, um policial do islandês Arnaldur Indriđason (Porto Editora). A história de um velho porteiro de hotel que é assassinado; a investigação vai revelar que num luxuoso hotel de Reiquiavique nada é aquilo que parece.
  3. A voz perdida dos homens, de Yves Simon. Um livro à volta de Andrea, um jovem padre que vai aos lugares mais perigosos da cidade convidar as pessoas à confissão, ouvindo o desespero dos homens. Um clássico da literatura contemporânea, editado pela Verbo.
  4. A voz da Terra de Miguel Real (Dom Quixote) foi o livro que lançou um dos mais importantes escritores portugueses dos últimos anos. Um romance que nos dá uma Lisboa supersticiosa, ao tempo do terramoto.
  5. A voz do fogo de Alan Moore (Saída de emergência). Um conjunto de narrativas cheias de realismo mágico e plenas de luxúria, à volta de personagens que viveram na mesma região de Inglaterra durante um período de 6000 anos. Alan Moore é um norte-americano bem conhecido do público da banda desenhada: é autor de V de Vingança, Watchmen ou A Liga de Cavalheiros Extraordinários. Aventurou-se na prosa com este A voz do fogo.
  6. A voz do Gelo, de Debra Doyle e James D. MacDonald (Presença). Uma série para jovens leitores sobre um reino de magia e, curiosamente, à volta de um concurso de canto que vai ocorrer nesse lugar.
  7. A voz do silêncio de Helena Blavatsky, traduzido por Fernando Pessoa (que muito admirava esta fundadora da Sociedade Teosófica) e publicado pela Assírio & Alvim, está esgotado.
  8. A voz do violino de Andrea Camilleri (Difel) também está esgotado. O escritor italiano criou o inspetor Montalbano, a quem dá aqui mais uma investigação.
  9. A voz dos mortos não é nenhum livro a querer enganar os mais crédulos; é uma obra  de ficção científica do norte-americano Orson Scott Card, que a Presença publicou na sua coleção Viajantes do tempo. E, por ser ficção científica, aqui temos uma guerra do nosso planeta com outra civilização inteligente. É uma história que mereceu os principais prémios do género: o Nebula (1986) e o Hugo (1987).
  10. A voz dos deuses, de João Aguiar. Publicada recentemente pela BIS, os livros de bolso do grupo Leya, recorda-nos as saudades que temos deste escritor português, bem como a luta entre Roma e os lusitanos, em 147 a.C. (com esse nome central: Viriato).
  11. O excelente catálogo da exposição A voz das vítimas (Imprensa Nacional-Casa da Moeda), sobre a prisão do Aljube, um dos símbolos da ditadura. As histórias dos presos políticos numa exposição que aconteceu, o ano passado.
Deixo ao meu leitor a tarefa (relativamente fácil) de procurar no Youtube interpretações da peça de Cocteau (procure pela versão de Ingrid Bergman). Eu proponho a audição de um dos grupos com que me delicio há uns anos: O Mistério das Vozes Búlgaras. Le Mystere des voix bulgares é um coro de 26 elementos com um raro dom e um enorme carisma popular. A sua presença no CCB foi apresentada nestes termos:
Criado há mais de 50 anos, o seu objectivo maior é enriquecer a herança da canção folk búlgara com harmonias e arranjos que fazem sobressair os maravilhosos timbres e ritmos irregulares das vozes destas mulheres. Pela riqueza e originalidade da técnica, a história deste coro tem conhecido um crescente sucesso. Em 1975, editaram o primeiro trabalho, intitulado O Mistério das Vozes Búlgaras, e em 1990 o segundo disco foi galardoado com um Grammy. Entretanto, foi em 1994, com a edição do álbum Ritual nos EUA que a sua popularidade cresceu em todo o mundo. Desde então, têm-se seguido apresentações nas mais importantes salas de espectáculos europeias, americanas e asiáticas.

Querendo, pode ouvir todo o cd aqui. Se alguma hiperligação falhar, por favor, avise-me.

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