Imagine-se o meu leitor com uma folha branca na mão, na rua e em plena luz do dia. Suponha depois que leva a mesma folha para uma divisão interior da casa, apenas iluminada por luz artificial (digamos, a luz de uma lâmpada incandescente): pergunto-lhe de que cor verá agora a folha.
Se respondeu que continua a vê-la branca, dir-lhe-ei que é apenas o seu cérebro que a vê branca, porque os seus olhos veem-na… com um tom alaranjado, mais ou menos como na foto ao lado — a foto de um pedaço de papel… branco (acredite!), iluminada por luz artificial.
A razão é simples: a luz produzida pelo sol é diferente da que uma lâmpada incandescente produz; por isso, o mesmo objeto fotografado à luz da lua ou de uma vela ou do sol de pleno dia refletirá a luz de forma diferente. O cérebro é que aprendeu a “manter” as cores, independentemente da luz; a máquina fotográfica, porém, vê-as “tais como elas são”.
Mas, objectar-me-á o leitor, a minha máquina “vê” as cores que fotografo tal como eu as vejo (como o meu cérebro as vê). É só olhar para as fotos que ela “tira”… Se isso for verdade, é porque a sua máquina fotográfica tem um eficaz balanço de brancos.
Isso mesmo: balanço de brancos! O que é isso e para que serve?
As máquinas digitais, ao contrário das anteriores de rolo fotográfico, dispõem de um sistema com várias posições identificadas por símbolos semelhantes aos da figura anterior: é o sistema de balanço de brancos.
Voltemos à foto da folha branca: como estamos num ambiente com luz artificial, vamos escolher a posição “Lâmpada de tungsténio”; com essa escolha, dizemos à máquina que se encontra num espaço iluminado com luz incandescente e, em consequência, deve fazer os ajustes necessários às cores captadas, de modo a transformá-las para aparecerem como se a luz fosse a do sol
[o resultado, mostrado na foto ao lado, não é totalmente “convincente”: a folha não parece bem branca, mas isso é devido às condições da iluminação em causa. De qualquer modo, é bem possível ver a diferença, em relação à foto anterior].
Portanto, quando fotografamos, devemos ter em atenção o balanço de brancos. Em dias nublados, as fotos tendem a sair azuladas (mais frias, portanto): para o evitar, seleciona-se o ícone com a “nuvem”; a “lâmpada”, quando em interior (desde que se não use o flash, cuja luz é próxima da do dia); a “sombra”, durante as horas de sol intenso, com sombras…
As fotos anteriores foram captadas com apenas alguns segundos de diferença. A grande diferença entre elas são as escolhas no balanço de brancos.
O balanço de brancos ou, se se preferir, a temperatura de cor. Disse-lhe que as nuvens acentuam, tendencialmente, as tonalidades azuis — frias, portanto; o pôr-do-sol, por outro lado (… e o pôr do sol? diga lá que tonalidades são acentuadas: quentes ou frias?)… É importante entender isto, porque com o balanço de brancos (bb) podem conseguir-se alguns efeitos. Por exemplo:
- regule o bb para “nublado” ou “sombra” para dar um tom mais quente (cor de laranja) às fotos, quando a luz é demasiado azul; para o efeito contrário, use a “luz natural” ou “incandescente”;
- ao nascer ou ao pôr do sol, a luminosidade é mais quente (nalguns casos, muito quente), com brilho dourado: decida se quer aproveitar o calor ou “disfarçá-lo” — e faça-o com o bb;
- dias muito claros com tempo encoberto? bb “nublado”!; dias mais escuros com sombras fortes? bb “sombra”!…
- mas não tem de ser como fica dito antes: pode, por alguma razão, querer uma foto com o azul acentuado; ou… sei lá aonde nos pode levar a “invenção”!: experimente, faça várias fotos do mesmo objeto, usando diferentes opções de bb e avalie os resultados…
Notas finais:
- há “filtros naturais” que nos podem estragar as fotos — ou compô-las, segundo os pontos de vista — por alterarem a luz: por exemplo, se fotografar rostos debaixo de chapéus de sol coloridos, pode obter peles… vermelhas. Se já fotografou neve, pode ter sentido igualmente alguma “atrapalhação” nas cores;
- bem… quando estiver indeciso sobre qual opção de bb escolher (sobretudo em interior, onde é mais difícil), decida-se pelo modo automático — sabendo, no entanto, que nem sempre é eficaz: a máquina decide por si [ver imagem ao lado: opção A];
- existe, nalgumas máquinas, um modo de pré-seleção de bb: é, para mim, o mais certeiro; mas isso é assunto para outra ocasião [ver imagem ao lado: opção Preset].
- Leia ainda o texto Modos de balanço de brancos.
O WB BALANÇO DE BRANCOS é uma novidade da era digital.
Serve para ajudar o sensor da máquina a interpretar melhor as cores, dos diferentes tipos de luz de acordo com a sua fonte e temperatura. Pela grande variedade de tipos de luz, pretende-se que a foto seja captada possuindo entre outras coisas, cores naturais.
Este artigo leva-me a considerar a intenção do autor em tomar o WB como uma técnica para aquecer ou arrefecer as cores, do vermelho/laranja ao ciano/azul.
Embora também possamos faze-lo aqui, como demonstram as fotos, é muito mais fácil expor correctamente o WB e escolher qualquer programa de edição, Ex PICASA, para “brincar” às cores, pois existem uma gama enorme de tons diferentes.
Como curiosidade refiro que as cores no seu espectro visível oscilam entre 1200 e 18.000 graus Kenvin. Dá para entender da dificuldade na leitura correcta das cores pelos sensores.
Para quem não usa o photoshop, por não achar interessante ou por não ter o know-how, esta é uma forma gira de manipular a cor ou até melhorá-la, acho.
Depreendo que qualquer uma das selecções disponíveis (luz do dia, sombra, flash, etc), fará uma regulação “numérica” dependendo da temperatura particular de cada um dos casos, mas então e a selecção automática?
No caso do balanço de brancos automático, é a máquina que “decide”: analisa a imagem e ajusta o balanço de brancos em função dessa análise.
Essa “decisão”, às vezes, não é satisfatória, sobretudo quando as condições de luz são “complexas”; por exemplo, quando a luz é mista, devido a várias fontes de luz distintas (por exemplo, a luz do dia e a de tungsténio). Daí que, embora o modo automático seja usado na maior parte dos casos — penso eu –, o controlo do balanço de brancos é preferível, quando possível. E o mais rigoroso é o modo personalizado. Penso eu…