BRAHE, Tycho

Tycho Brahe

Astrónomo dinamarquês,  nasceu a 14 de dezembro de 1546 e morreu a 24 de outubro de 1601. Pioneiro da astronomia moderna, destacou-se pelas observações que fez dos astros, designadamente de Marte, no enorme observatório de Uraniburgo (“Castelo dos Céus”) que construiu na ilha de Ven, que lhe fora oferecida pelo rei Frederico II. Feitas com uma precisão muito superior à dos seus antecessores, elas possibilitariam a Kepler

(que em Praga, onde Tycho morreu, seria assistente deste e dele recolheria todos os registos de observações de Marte, após a sua morte)

estabelecer as duas primeiras leis que regem o movimento dos planetas.

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Mais sobre a vida e obra de Tycho Brahe [Projecto Física: unidade 2: movimento nos céus. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1978, p. 51-55]

Tycho BRAHE by António Gomes

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Sobre as relações entre Kepler e Tycho Brahe, escreveu Carl Sagan

[Cosmos. Lisboa: Gradiva, 1984, p. 75]:

[Kepler] Imaginava o domínio de Tycho como um refúgio dos males da época, um lugar onde o seu mistério cósmico seria confirmado. Aspirava ser colega do grande Tycho Brahe, que durante trinta e cinco anos se dedicara, antes da invenção do telescópio, a medir um universo regular, ordenado e preciso. As esperanças de Kepler não se realizariam. O próprio Tycho era uma figura extravagante, com um nariz de ouro — o verdadeiro perdera-o, ainda estudante, num duelo travado para decidir quem era melhor matemático. À sua volta havia um séquito de assistentes, bajuladores, parentes afastados e parasitas de todas as espécies. As suas orgias intermináveis, as suas insinuações e intrigas, o escárnio cruel do simplório devoto e estudioso deprimiam e entristeciam Kepler: «Tycho […] é tremendamente rico, mas não sabe utilizar essa riqueza. Qualquer dos seus instrumentos custa mais do que toda a minha fortuna e a da minha família juntas.»

Impaciente por observar os dados astronómicos de Tycho, Kepler só teve acesso a alguns fragmentos de cada vez: «Tycho não me deu oportunidade de partilhar as suas experiências. Mencionava apenas, de passagem, durante uma refeição ou entre outros assuntos, hoje a medida do apogeu dum planeta, amanhã os nodos de outro […] Tycho possui as melhores observações […] Tem também colaboradores. Falta-lhe apenas o arquiteto que ponha tudo isto a funcionar.» Tycho era o maior génio observador da época e Kepler o maior teórico. Ambos sabiam que sozinhos não seriam capazes de completar a síntese dum sistema de mundos preciso e coerente, que ambos sentiam ser possível. Mas Tycho não estava disposto a oferecer o trabalho duma vida inteira a um rival mais novo. Uma co-autoria dos resultados da colaboração, se os houvesse, era inaceitável.

||| A morte de Tycho Brahe, designadamente a sua causa, está envolta em mistério, sendo objeto de estudo de cientistas.

||| Tycho Brahe: um Astrónomo Fabuloso No Reino da Dinamarca de António José Barros Veloso (Lisboa: By The Book, 2013), como aqui se sintetiza, são “128 páginas da biografia de um astrónomo dinamarquês, com um grafismo inspirado nas edições do século XVI (títulos, entradas e notas). O trabalho incluiu a pesquisa, selecção e tratamento de imagens de fontes online muito diversas”.

||| Há quem defenda relações entre o Hamlet de Shakespeare e Tycho Brahe.

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