Com o jornal Público está a vender-se, às quintas-feiras, uma coleção de 13 livros proibidos pelo Estado Novo, nas suas edições originais, acompanhados pelos relatórios oficiais de censura. Na lista
[os livros da coleção, com detalhes, estão listados aqui] ,
encontra-se Vagão “J”, de Vergílio Ferreira, proibido pelas razões que se reproduzem na imagem e são assinadas pelo capitão Borges Ferreira (clique na imagem, para ler melhor):
As razões são, pois, estas:
Parece que o autor esteve em qualquer vila ou aldeia, e escolheu para protagonista do seu romance a família mais asquerosa do povoado – a família Borralho.
É uma família de degenerados, sem escrúpulos, sem caracter, sem dignidade, constituida por pae, mãe e muitos filhos, dormindo todos no mesmo quarto, em que os pais têm relações sexuais deante dos filhos, sem o mais leve pudor de parte a parte.
A filha mais velha, que a certa altura foi servir para uma casa rica, era induzida pela mãe a roubar a patroa e a ter relações sexuais com o filho da casa, para obter recompensas.
De vez em quando o autor salienta a questão social, pondo em destaque a diferença entre ricos e pobres e mostrando bem o rancor que se apodera dos segundos pelos primeiros, quando postos em presença uns dos outros.
O romance gira todo em volta destas misérias sociais, como se pode ver com facilidade em diferentes paginas que vão assinaladas.
Em vista do exposto, sou de opinião que o livro não deve ser publicado.
Neste caso e para além do mais, é a censura da… realidade.