Recensão e metodologia do trabalho intelectual

A importância do método na investigação e, de um modo mais genérico, no trabalho intelectual é incontroverso. E justifica as publicações, ainda que relativamente escassas, sobre o tema (no final, fica a indicação de meia dúzia delas). O assunto é vasto, mas este artigo limita-o à recensão.

Recensão e metodologia do trabalho intelectual

Deixarei cópia, mais abaixo, de quase uma página (p. 27) do livro Investigação Científica e Trabalhos Académicos : Guia Prático, de Felipa Lopes dos Reis (Lisboa : Edições Sílabo, 2018), onde é tratado o tema da recensão. Faz parte do segundo dos seis capítulos, dedicado aos seguintes trabalhos de investigação científica:

  • monografia
  • artigo científico
  • recensão
  • resenha
  • dissertação de mestrado
  • tese de doutoramento.

Pela leitura da introdução e da contracapa, fica a saber-se que este manual resulta da experiência da autora (Doutora em Gestão e Professora Associada na Universidade Lusófona) como docente nestas matérias e orientadora de mestrados e teses de doutoramento; está especialmente estruturado para servir de instrumento de apoio aos estudantes e investigadores na elaboração de trabalhos de investigação científica, dando orientações quanto à estrutura da metodologia de investigação e fornecendo também informações gerais sobre as diferentes provas académicas. No início de cada parte do livro apresentam-se os objetivos de aprendizagem e, no final, questões e exercícios acerca das matérias abordadas.

Recensão: o que é; estrutura

Segundo Felipa Lopes dos Reis,

[A recensão traduz-se] num trabalho de apresentação e avaliação critica de um ensaio ou de um livro, sendo um resumo do mesmo com uma apreciação implícita, explicando as lacunas e os pontos fortes do conteúdo da obra e a coerência perante os seus objetivos. Isto inclui uma explicação objetiva do assunto, a posição crítica do autor apresentando sucintamente os pontos de discórdia ou concórdia em relação às teses defendidas pelo autor da obra e o contributo da mesma para o progresso do conhecimento da respetiva área.

Uma recensão também pode consistir numa comparação com outros autores mostrando o seu contributo e a sua originalidade.

O recenseador em ambos os casos deve ser imparcial, objetivo e rigoroso. As revistas científicas publicam recensões para divulgar obras já publicadas.

As normas gerais deste tipo de trabalho são as seguintes:

  • Cerca de 2000 a 5000 palavras;
  • Dados bibliográficos do autor;
  • Identificada na entrada o título da obra, o autor, a editora e o ano de edição.

Uma recensão tem geralmente a seguinte estrutura:

  • Introdução Apresentação dos elementos de identificação do texto tais como autor, título, tema, contexto e publicação. E dos objetivos ou da ideia principal do texto;
  • Síntese – Uma exposição sintética do conteúdo do texto: tópicos, ideias principais, conceitos, objetivos e organização;
  • Análise crítica Discussão e avaliação dos aspetos positivos e negativos do texto;
  • Conclusão Afirmação do resultado da avaliação do texto contemplando o seu contributo para o conhecimento do tema;
  • Referências Listagem das fontes citadas ao longo do texto.
[imagem copiada daqui]

Metodologia da investigação

Enquanto não se publica (aqui) um previsto artigo sobre metodologia da investigação, fica, a seguir, a indicação de alguma bibliografia sobre o tema. É muito escassa, mas nessas obras encontra o leitor, por regra, outras listas. Também o antes citado Investigação científica e trabalhos académicos inclui, no final, onze referências bibliográficas.

Por essa razão, porque constam aí, não incluo “clássicos” como o popular Como se faz uma tese em ciências humanas de Umberto Eco. Não posso deixar de relevar a importância, neste contexto, da norma portuguesa (NP 405) para referências bibliográficas (e a ordem em que esses elementos devem ser apresentados), assim como do formato da American Psychological Association (APA). Encontram-se resumos da NP 405, na Internet: este, por exemplo; ou este, 10 páginas PDF; ou este, bastante mais alargado (ficheiro PDF com 60 páginas).

As regras enunciadas na Norma Portuguesa não são as mais vulgarmente utilizadas em trabalhos científicos da área das ciências naturais, como se afirma neste sítio da Web, onde se sugerem regras, adaptadas a partir das da APA, que “são as mais vulgarmente utilizadas na área das ciências naturais e sociais”.

  • AZEVEDO, Carlos A. Moreira; AZEVEDO, Ana Gonçalves de. Metodologia científica : contributos práticos para a elaboração de trabalhos académicos. 5a ed. Porto : C. Azevedo, 2000
  • PEREIRA, Alexandre; POUPA, Carlos. Como escrever uma tese : monografia ou livro científico : usando o Word. Lisboa : Sílabo, 2003
  • SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e. Metodologia da Investigação, Redacção e Apresentação de Trabalhos Científicos. Porto : Livraria Civilização Editora, 1998

Pensando especialmente nos alunos…

  • SAMSON, Pierre. Como organizar o trabalho pessoal. Mem Martins : Europa-América, 1993
  • FRANKLIN, Agostinho. Estudar filosofia : 10o ano, 11o ano, 12o ano, exames finais. Porto : Porto Editora, 1996

Para concluir…

Ao leitor que, sobre este assunto, saiba de algum recurso (publicação escrita, sítio da Internet…) não indicado neste texto peço e agradeço o favor de o partilhar na caixa de comentários.

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