O Requiem é Missa dos mortos. Supostamente triste, portanto. Triste, mesmo para os crentes, que é suposto entenderem a morte como um momento libertador: é só ouvir os Requiem que por aí se multiplicam. Não parece, por isso, ser a música mais adequada para um fim de semana de primavera/verão. Mas a boa música pode proporcionar prazer independentemente de considerações deste género.
Do Requiem todo, escolho uma das partes mais… tenebrosas: o Dies irae. O primeiro terceto do hino é este:
Dia da Ira, aquele dia
Em que os séculos se dissolverão em cinza,
(será) David com a Sibila por testemunha!”
A letra toda deste hino (o original latino e a tradução), com algumas notas, está aqui.
Começo por um dos Requiem mais majestoso/operático/…: o de Verdi, numa grande interpretação, dirigida por Giulini:
https://youtu.be/NdDtc9KQLcs
O Dies irae invoca o juízo final, testemunhada pela Sibila. Há um Dies irae (um Requiem, portanto) soberbo, de um português: Domingos Bomtepo. Quase que se veem… as almas a cair no inferno (a propósito… ainda há inferno? 😉 ):
Quem não conhece o Requiem de Mozart é porque não viu… o tal filme — Amadeus. O Dies irae soa assim:
Que o Requiem seja música funebremente triste, também esta não é uma regra sem exceção. Gabriel Fauré, por exemplo, compôs um Requiem onde a morte é apresentada como um “fenómeno” suave, visto na perspetiva da esperança numa outra vida — algo assim como o encontro, radiante, com a divindade.
Para terminar este conjunto com muito mais suavidade (e como duas provas do que aqui afirmo), ficam dois trechos dessa obra:
In Paradisum
Pie Jesu…
… cantado por uma das vozes mais características que conheço — a de Philippe Jaroussky:
A Beleza da boa música não tem fim a que se destina – permite o mais sublime do ser humano – o prazer da alma!
E esta é MÚSICA de EXCELÊNCIA – que possamos continuar a ser brindados com “pedacinhos” de céu ou do inferno – se for com música assim – que maravilha!
Saliento, como em todos os textos que por aqui vou lendo, o cuidado, o rigor e o bom gosto na seleção e apresentação dos conteúdos publicados.
Ana Paula Menezes,
obrigado pelo comentário — e pelo elogio, obviamente. Não posso esconder que sabe bem saber que o nosso trabalho é apreciado: isso incentiva a continuar. 😉
Tentarei (continuarei a tentar) manter esse “cuidado, rigor e bom gosto”. Esperando que, com essas características, os textos do Baú possam agradar aos leitores do blogue.