Anytype, para muito mais do que notas

Este artigo pretende ser uma breve iniciação ao Anytype.

Um olhar pouco atento pode levar-nos a pensar que Anytype é uma aplicação para notas, semelhante ao Obsidian (que já apresentei aqui e aqui) ou ao Joplin (sobre o qual também já escrevi aqui). Porém, Anytype é muito mais do que isso e é mais completa (e também mais complexa, com uma curva de aprendizagem mais elevada) do que as aplicações antes referidas.

Para uma ideia das diferenças e do muito mais que se pode fazer, temos aqui a documentação oficial e vídeos-tutoriais.

O que é, então Anytype?

A resposta genérica está no respetivo sítio da Web. Chamaram-me a atenção as seguintes características:

  • Local-first: O Anytype funciona localmente no dispositivo, sem necessidade de ligação à Internet, sem depender de servidores ou nuvens. O que é ótimo para a privacidade, a segurança e a velocidade de funcionamento.
  • Peer-to-peer: a sincronização, fácil e perfeita entre quaisquer dispositivos (de quaisquer plataformas), não depende de nenhum servidor; realiza-se por peer-to-peer (a mesma tecnologia usada para descargas da Internet). Além disso, é criptografada de uma ponta a outra, com grande segurança.
  • É um software de código aberto (Open-source), com todas as vantagens e potencialidades que são conhecidas.
  • E gosto ainda do design.

Quando o utilizador começa a trabalhar, no lugar da (eventualmente) esperada… nova nota, encontra (mais adiante, veremos como) novo objeto.

De facto, a nossa aplicação trabalha com objetos. Aqui, objetos são as unidades básicas de informação, que podemos criar, editar e ligar. Podem ser de diferentes tipos, como páginas, notas, tarefas, contactos, imagens, vídeos, livros, etc. Cada objeto tem um conjunto de atributos que definem as suas propriedades, como título, descrição, data, autor, etc. Os atributos de cada objeto são personalizáveis, de acordo com as nossas necessidades

Vamos a ele, então!

É aconselhável que siga a minha explicação aplicando-a; adapte-a a ideias suas.

Anytype é multiplataforma. As versões para computador (Linux, Mac e Windows) e para dispositivos móveis (Android e iOS) descarregam-se daqui.

A instalação (só não experimentei em Mac) é normalissimamente intuitiva. Comecei com a instalação em Pc com Linux (Ubuntu), mas em outros sistemas operativos é normal: por exemplo, em Windows, é descarregar o ficheiro, dar duplo clique… e avançar.

Como optei pela AppImage, foi só…

  • descarregar o ficheiro;
  • alterar as definições desse ficheiro para “Permitir executar o ficheiro como uma aplicação”;
  • dar duplo clique no ficheiro descarregado…
  • …e já está pronto a funcionar.

Antes de avançar, pelas vantagens óbvias, assinei as atualizações (“Subscribe to updates”)

Configurando o perfil

Comecei por configurar a minha conta, que incluiu

  • Frase de Recuperação: funciona como login e senha (não há senhas em Anytype). É impossível mudá-la, pelo que é extremamente importante mantê-la segura. Foi assim:
    • Abri a aplicação;
    • Cliquei em Join. (futuramente, quando for necessário — por exemplo, para sincronizar em outros dispositivos — usa-se Login, em vez de Join). O que se segue é intuitivo.
    • Cliquei em Show and copy e…
    • …foi gerada (automaticamente) a frase de recuperação (de 12 palavras); guardei-a digitalmente e em papel. Volto a sublinhar a sua importância: não é guardada em mais qualquer sítio (para além daquele que escolhemos) e é a única maneira de aceder à conta e desencriptar os dados. Será indispensável, por exemplo, para fazer “login” num novo dispositivo. Desculpe insistir: ninguém mais, a não ser nós, guarda esta frase.
    • Cliquei em Go ahead. e depois em Establish Connection.
  • Identidade Anytype:
    • Escrevi o nome (que pode ser alterado depois); cliquei em Go to the app: foi criada a minha identidade.
    • A página inicial (How would you like start?): saltei esta etapa tocando em Skip. Em artigo futuro talvez volte a esta configuração.

Abre-se uma janela que apresenta objetos criados pela própria aplicação (maioritariamente, ajudas, incluindo vídeos). Deixo para outra ocasião o comentário a esse conjunto bem como a análise da barra lateral esquerda; este artigo tem como objeto uma elementar iniciação a Anytype.

Saltemos para a criação de um objeto.

Criar um objeto com Anytype

Recordo: um objeto é tudo aquilo que podemos criar com Anytype: páginas, apontamentos, receitas, livros, filmes, áudio… podendo acrescentar outros que não estejam previstos na biblioteca pré-instalada.

Vamos supor que encontrámos informação sobre um filósofo interessante (seja Sartre)… e queremos registá-la. Criaremos, então, um novo objeto; neste caso, uma pessoa (“Human“).

Anytype - criação de objetos
  • Na parte inferior do painel de navegação, existe um botão “+” branco (ver imagem anterior). Tocando-o, pode-se criar qualquer objeto, a partir de qualquer lugar da aplicação.
  • Se não aparecer o tipo de objeto pretendido (no meu caso, Human), toca-se My types e escolhe-se.
  • A nova página contém campos, chamados “Relations” (“Relações”), para registar detalhes da pessoa: nome, data de nascimento, ocupação… e até foto. Não estão presentes campos que queria? Acrescente-os! Vamos supor a data de nascimento.
    • Coloca-se o cursor na linha pretendida (por exemplo, abaixo da identificação “Human”);
    • escreve-se uma barra (/);
    • aparece uma lista: tem o campo pretendido? — escolhe-se;
    • não tem? toca-se em New Relation. Escrevendo o nome do campo, ou aparece (se já existir: por exemplo, já existe Birthday) ou é criado (o processo é intuitivo: no meu caso, escrevi “Data de nascimento” e escolhi obviamente o tipo de campo como “Date”/”Data”).
    • Para novos campos, usa-se o mesmo processo. Experimente!
  • Ver na imagem seguinte a ficha que eu criei (de Jean-Paul Sartre).
  • Como veremos noutra altura, as relações anteriores serão de grande utilidade para organizar a informação registada com Anytype. Se, por exemplo, acrescentarmos um campo com a nacionalidade de Sarte, futuramente podemos encontrar tudo o que tenhamos registado com essa nacionalidade: além de Sartre, outros filósofos franceses ou escritores ou amigos nossos ou acontecimentos em França ou…
Objeto criado com Anytype

Conclusão não é igual a fim

Terminando aqui, esta apresentação de Anytype é muito elementar. Mas o objetivo era esse. Assim, convido-o a…

  • … explorar a aplicação, eventualmente socorrendo-se das ajudas que antes indiquei (ou outras, que encontrar); além destas,
    • aqui estão as principais FAQ (Perguntas frequentes respondidas);
  • … partilhar com os leitores do Baú, eu incluído, os seus conhecimentos e a sua experiência. Por favor, use a caixa dos comentários.

Cumprindo a promessa de partilhar novos textos sobre este tema, publiquei:

  • Explorar Anytype: como é possível explorar Anytype. Com exemplos práticos, como o registo de faturas de gás e eletricidade.

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