Quando num argumento se ataca alguém, argumenta-se ad hominem (uma expressão latina traduzível por contra a pessoa).
Quando o que se ataca (nas premissas) não é relevante para o que se quer concluir, o argumento é falacioso: é uma falácia ad hominem. Mas, como se compreende, nem sempre um argumento ad hominem é falacioso: não o é, se o que se ataca justifica a conclusão que se tira.
Exemplifiquemos:
chamar a José Sócrates mentiroso é um ataque ad hominem: será falacioso?
O. Braga responde aqui. E o leitor acha que é?
» Sobre a argumentação ad hominem, veja esta proposta de análise do filme “12 homens e uma sentença“, na perspectiva dessa argumentação (porventura falaciosa)
» Segundo as orientações do Ministério da Educação para o exame final optativo de Filosofia, devem ser abordadas algumas falácias. Outros textos sobre falácias:
Mais algo sobre o “ad hominem”, aplicado ao discurso dos políticos, aqui.
Este ataque ad hominem é dirigido a José Socrates, primeiro-ministro do nosso país. Ao atacá-lo, chamando-o de mentiroso, está-se a tentar provar que José Sócrates não deveria ser primeiro ministro (já que as suas mentiras são proferidas nos discursos políticos) através de uma das suas características; neste caso, a de ser um mentiroso.
E na minha opinião, esta não é um falácia ad hominem, mas sim um ataque ad hominem válido. Ao desqualificarmos Socrates do seu cargo por ser mentiroso, estamos a atacá-lo com argumentos que realmente são relevantes para a conclusão. Não podemos ter alguém a dirigir o nosso país e a discursar politicamente que seja um mentiroso: está constantemente a induzir-nos em erro, em promessas que nunca serão cumpridas. Desta forma, ao chamarmos Sócrates de mentiroso, estamos a apresentar uma boa razão para o fazer aposentar-se do seu cargo.
O problema é saber se os políticos são ou não realmente mentirosos… 😉