"Lucky", o filme

LUCKY, um filme de John Carroll Lynch

Lucky é um filme estreia do ator John Carrol Lynch na realização. Deixo algumas notas sobre ele, dado o interesse filosófico que me parece conter: uma obra acerca do realismo, da verdade, da solidão, da vida e da morte (da mortalidade), da espiritualidade, das relações humanas.

"Lucky", o filme

Sinopse:

Lucky ilustra a jornada espiritual de um ateu com 90 anos e as personagens peculiares que habitam na sua cidade desértica, no meio de nenhures. Tendo sobrevivido aos seus contemporâneos, o tempestuoso e independente Lucky encontra-se no precipício da vida; deambula pelos lugares, alegrias e medos que definem o seu envelhecimento, enveredando numa jornada de autoexploração, em direção ao que costuma ser inatingível: a iluminação.

Ficha técnica:

Ano: 2017
Realizador: John Carroll Lynch
Produção: Ira Steven Behr, Danielle Renfrew Behrens, Greg Gilreath, Adam Hendricks, Richard Kahan, John H. Lang, Logan Sparks, Drago Sumonja
Argumento: Logan Sparks, Drago Sumonja
Elenco: Harry Dean Stanton, David Lynch [interpreta Howard, uma personagem marcada pela descontração e o humor], Ron Livingston, Ed Begley Jr., Tom Skerritt, Beth Grant, James Darren, Barry Shabaka Henley, Yvonne Huff, Hugo Armstrong

 

Harry Dean Stanton, Lucky

Em crítica publicada no FILMIN, Hugo Gomes acentua que John Carroll Lynch “concebeu a obra como uma celebração ao ator Harry Dean Stanton”, o “célebre ator de Paris, Texas“. Tendo-nos deixado em setembro de 2017, “a celebração torna-se assim numa homenagem fúnebre, e a personagem-tipo num esboço da memória cinéfila”. O filme é

uma ‘cuspidela’ na cara da ‘Morte’, um sorriso malicioso perante os desfechos incutidos pela sociedade. “Haverá vida depois da morte?” Para Lucky a vida é única e sem acréscimos, a Morte é o fim e imperativamente aceite. “The only thing worse than awkward silence: small talk” (Pior que o silêncio constrangedor é a conversa barata). Harry Dean Stanton projeta o seu “eu” num sofrimento invisível, uma espécie de solipsismo que adereça o seu quotidiano, encarado com uma automatização sacra e uma ironia crescente. Sentimos que o ator não esmera em criar algo novo na sua partitura interpretativa, nem há sentido para tal, é a memória funcional a insuflar com vida este “farrapo humano”, um homem posicionado entre a sugestão e o segredo, a coragem e o medo, que tende em ceder por entre fissuras em relação à maior das doenças da Humanidade: a velhice, consequencialmente a solidão e o fim de um legado. A personagem é só, mas o filme não acolhe um sentido miserabilista perante a sua pessoa; é só porque assim o espectador o sente, mais do que as palavras proferidas ocasionalmente sobre o assunto. “There’s a difference between lonely and being alone”.

notas da crítica a Lucky

…transcritas daqui:

Um filme muito bonito e sobretudo muito justo (…) LUCKY vive dessa condição especialíssima que é a presença de Stanton. Mas tudo indica que se deva ter atenção ao que Carroll Lynch vier a fazer. – Público

LUCKY é o belíssimo filme do adeus a Harry Dean Stanton (…) LUCKY é um filme de força extraordinária, que nos faz olhar para as coisas maiores através dos eventos mais simples. – Diário de Notícias

Uma balada do Oeste, pungente como uma flor no meio do deserto, carregada de orgulho fordiano, humor sincrático e a presença magnética de Harry Dean Stanton (…) LUCKY é bem capaz ser o melhor filme do ano. – Sábado

LUCKY é uma obra de culto feita à medida de um ator de culto (…) um filme que merece todas as vénias – Visão

LUCKY é uma singela, límpida e eloquente celebração de um dos maiores atores característicos americanos, cuja personagem é decalcada do próprio Harry Dean Stanton, desde a maneira de ser à visão do mundo – Time Out Lisboa

Adeus muito “zen” de Harry Dean Stanton (…) LUCKY é um presente de amizade, uma celebração de vida e uma homenagem calma a um dos atores característicos mais “principais” do cinema e da televisão – Observador

A ATUAÇÃO DE UMA VIDA. Tudo o que Harry Dean Stanton fez na sua carreira e na sua vida, trouxe-o a este momento triunfal em LUCKY. – Variety

Uma carta de amor sábia e saudosa, divertida e recheada de vida. Poucas pessoas fizeram melhor que Harry Dean Stanton. – Indiewire

Um raro papel principal em que Harry Dean Stanton arrasa com profunda genuinidade. – Time Out New York

Maravilhoso. Stanton é fenomenal. Uma das melhores atuações de 2017. – Rogerebert.com

Obrigatório ver. Harry Dean Stanton é uma lenda. – Rolling Stone

Um olhar reflexivo e perspicaz sobre a espiritualidade, a moralidade e a necessidade de encontrar paz e lucidez. – The Playlist

Uma despedida gloriosa e digna de um Óscar de Harry Dean Stanton. – Metro

Trailer

||| Leia uma entrevista com o realizador.

1 thought on “LUCKY, um filme de John Carroll Lynch”

  1. Harry Dean Stanton é um dos meus actores favoritos. O filme é daqueles (poucos) que tenho a certeza que repetirei…

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