O decénio de 1990 segundo Agostinho da Silva

O decénio de 1990 segundo Agostinho da Silva

A DN Magazine, revista do Diário de Notícias, nº 170 (de 31 de dezembro de 1989), publicou um texto de Agostinho da Silva sobre o novo (futuro) decénio de 1990, a Idade Média do século XX, “a época mais decisiva do Mundo”, após a “falência da União Soviética” (e dos Estados Unidos). O depoimento (que reproduzo, com títulos da minha responsabilidade) é precedido por uma introdução de Moutinho Pereira:

O decénio de 1990 segundo Agostinho da Silva

Agostinho da Silva é o homem dos sete instrumentos do pensamento. E assim não se lhe chama filósofo, o que o põe de péssimo humor. É um homem que ama, também e sobretudo, é por isso mesmo é um homem que se ama, sem reservas. Não usa um saco de certezas para distribuir aos povos, nem a dialética fácil, nem o palavroso discurso intelectual. Limita-se a fazer perguntas. A si e aos outros. E a «estar aberto para ouvir as respostas, porque ninguém sabe donde vêm os pensamentos e se estamos mergulhados nos nossos, alguns, importantes, podem passar de lado, sem os vermos…».

De uma segura, certa e muito própria maneira, Agostinho da Silva pega nos sonhos de nós todos, junta-lhes o muito que viveu da vida «aprendendo dela», mais o que salvou da inundação dos livros e mistura tudo na grande tigela da sua inteligência. O resultado, serve-o sempre quente, como o seu olhar de menino travesso, que recusa ter número de contribuinte, que recusa tudo quanto possa ser amarra. Ele é um homem de cais, marinheiro nas grandes navegações da vida, sempre de saco ao ombro para a viagem.

Por tudo isto e muito mais que não se diz, por pudor, haverá quem melhor para nos falar do decénio agora iniciado? Aqui se dá o seu depoimento, conservando-lhe quanto possível a oralidade. A sua mágica, essa, não cabe no papel.

A época mais decisiva do Mundo

Vão ser 10 anos, espero, muito pitorescos. E desejo assistir ao mais possível deste decénio, que vai ser de navegação muito difícil, com mares muito tempestuosos. Está-me, de vez em quando, a parecer que a Idade Média havida será uma brincadeira de crianças diante da Idade Média que pode vir a começar agora. De qualquer maneira esta é, do mundo, a época mais decisiva que jamais houve.

Agora é que se vai ver se há uma saída, ou se não há saída nenhuma. Eu acho que há. E, portanto, se a navegação vai ser difícil, aquilo que há a aconselhar às pessoas é que se treinem para não enjoarem a bordo. Como é que, no mar, se faz isso? Sugere-se ao sujeito a olhar, continuamente, o horizonte. Se olhar para o convés, ou para a espuma da esteira do barco, o sujeito fica mal… E, em terra, como é que se faz? Temos que fixar os olhos no nosso próprio horizonte, no horizonte que escolhermos — o nosso ideal, o nosso sonho mais fundo — e ir indo, ir andando.

Vamos ter que enfrentar, julgo eu, um mar difícil, encrespado, violento. De duas grandes vagas já estamos a ver o começo. É a falência, de um lado, de uma grande potência chamada União Soviética e, do outro lado, da grande potência chamada Estados Unidos da América do Norte.

A falência da União Soviética de que género é? Não se trata, como se costuma dizer, da falência do comunismo, mas de uma só e grande empresa. O que fracassou ali foi o monocapitalismo. E está tudo a ir por água abaixo porque não perceberam, nem os seus inspiradores perceberam, que o capitalismo foi uma forma de economia adoptada quando os homens deixaram de ser em pequeno número e vagueavam pelo mundo, em bandos. Pequenos grupos que, parece, tinham entre si, pelos vestígios ainda existentes, uma muito boa fraternidade, muito gosto pela vida, muita alegria. Divertiam-se à grande, e iam comendo a fruta que lhes aparecia pelo caminho. Poucos e em grandes áreas, havia sempre fruta ou raízes a jeito…

Economia comunitária e economia de desenvolvimento

Com o desenvolvimento demográfico, a fruta escasseou — era mais gente que fruta. Imediatamente, veio a alguns, ou a muitos, a ideia de começar a organizar a produção — e aí entrámos numa economia em que estamos ainda, que é uma economia de produção. A «fruta» que não há, nós a produzimos; a comida que não há, nós a vamos produzindo. E é evidente que se dois ou três sujeitos começam a produzir para outros saciarem a fome, se entreolham para ver qual deles produz a melhor maçã, ou a melhor pêra, não é verdade? É a concorrência… toda a economia que é de desenvolvimento não pode ser uma economia comunitária.

Se Portugal tivesse continuado a praticar uma economia comunitária — ou de convivência, como eu, às vezes digo —, ou de solidariedade, como a que tinha ao princípio, nunca daqui tinha partido coisa nenhuma para desenvolver o mundo. O mesmo conflito se deu entre os franciscanos, quando uns obedeceram à ordem do Papa para que os conventos passassem a ter dinheiro, a ser ricos, porque era preciso investir, e outros lhe disseram que «de maneira nenhuma», o que queriam era continuar fiéis a S. Francisco, que nunca capitalizou, nem fez investimentos em outras coisas que não fosse a alegria de viver… Concorrência é a luta entre!

Falências do monocapitalismo soviético e dos EUA

Voltemos à União Soviética. Se eu tenho uma única empresa, num país que controlo, sinto-me seguro: ninguém concorre com coisa nenhuma, nem ninguém. Mas tudo procura trabalhar o menos possível para o patrão geral, que é quem manda naquela coisa. É a empresa japonesa em grande escala, só que o Japão sabe que tem várias empresas concorrendo entre si. A União Soviética quis experimentar uma empresa só, os países à sua volta foram na mesma ideia e olhe o que deu: rebentou! Portanto, a falência daqueles cavalheiros está consumada.

Do outro lado, é a falência económica da grande potência norte-americana. Está com um défice orçamental de tal maneira elevado que se fazem uns cálculos especiais para o público não se assustar. Mas quando o público não se assusta e faz os cálculos como deve ser, o défice vai ao dobro. Isto é, se os Americanos continuam vivos é porque os Estados Unidos pedem dinheiro emprestado. A coisa é de tal maneira que se fizermos uma tabela de quem deve dinheiro a quem, nenhum país do Terceiro Mundo estaria à cabeça. A lista começava com a América do Norte. Como, por lá, continuam a fazer, por exemplo, aviões que custam biliões de dólares sem terem dinheiro, é evidente que…

O que diria a dona de casa, a cozinheira, se uma família entrasse num regime destes?

A juntar a isto, há dois ou três factos, nos Estados Unidos de hoje, que mostram que as coisas não se vão aguentar por muito tempo. A primeira é a droga. Claro, quem fabrica o traficante de droga é o freguês. Se nos EUA e noutros países à sua imitação não se consumisse a droga que se consome, os cartéis colombianos não ganhavam dinheiro nenhum. Pese embora aos esforços moralizadores do Governo colombiano, há que ter em linha de conta a situação económica, desgraçada, do camponês.

Se o camponês fabricante de coca, ou de qualquer coisa do género, ganhar mais dinheiro do que o produtor de alface, é evidente que não vai mudar.

Um segundo facto, julgo eu extremamente interessante: o jogo, em que estão envolvidos biliões de dólares. Desde o jogo entre pessoas que se sentam a uma mesa, porque não têm mais nada que fazer, nem em que pensar e por isso se divertem jogando, a dinheiro, às velhas que andam furiosamente mexendo naqueles manípulos todos das slot-machines, a ver se ganham algum gosto na vida — que também não têm.

Um terceiro facto, ainda, que me parece importante: de cada dois americanos, um possui uma arma de fogo, que está disposto a disparar. Contra si ou contra outrem. A Time, recentemente, publicava páginas com uma série de retratos de dezenas de pessoas que se tinham morto, ou tinham morto, num só dia. Debaixo de cada retrato, uma notinha dizendo porque é que tinha agido assim… Aquilo, multiplicado por todos os milhões de americanos, junto ao que já apontei, torna a vida americana muito, muito difícil.

O decénio de 1990, no caminho da plurietnia e da pluricultura

O pior é que os Estados Unidos têm como vizinho de baixo, da cave, a América a que outros chamam Latina — eu chamo-lhe Ibérica —, onde não há desses problemas. Tem-nos de outra espécie: anseia por ultrapassar o Rio Grande, trepar por ali acima, até ao Alasca se possível. A concretizar-se esta carência, o que haverá, em lugar da América do Norte e do Canadá como hoje os olhamos, será uma mistura de gente, uma plurietnia e uma pluricultura, transportada por quem aflui do Sul, gente já de si arraçada.

A mesma coisa irá suceder na Europa. Com a Europa a braços com uma baixa de natalidade — não nasce europeu, o coitado está a envelhecer cada vez mais —, é preciso mais gente jovem para o levantar da cama, para o pôr na cama, para o ajudar na vida, o que vai forçar a imigração. A Europa também, daqui a pouco tempo, será pluriétnica e pluricultural.

Os Soviéticos já o são: os russos indo-europeus autênticos constituem, apenas, 51 por cento daquela população toda. E ponha uma notazinha no parágrafo: é que os outros 49 por cento nascem muito mais.

Com base nestes dados, podemos dizer assim: o Brasil, é perfeitamente lícito defini-lo deste modo, é pluriétnico e pluricultural. Toda a gente se misturou e se mistura e, quer queira quer não, vai fabricando uma cultura humana em que tenta anular ao mínimo as culturas pessoais e colectivas de cada nacionalidade ou de cada etnia. Se a América do Norte e a Europa vão seguir por esse mesmo caminho, podemos dizer, exagerando um pouco: a Europa no seu todo, quer dizer a Europa estabelecida no continente americano e a Europa estabelecida no continente europeu ou euro-asiático, vai ser Brasil nessa coisa fundamental.

Não porque se fale português nem é garantido que o faça, mas nesse aspecto fundamental da plurietnia e da pluricultura.

O resultado é que, efectivamente, o padre António Vieira tinha razão. A cultura portuguesa, o fundamental da cultura portuguesa, que consiste em misturar gente, é capaz de tomar conta do mundo.

Não quer dizer que Portugal seja o «imperador», porque se todo o mundo for Portugal, o que será Portugal no meio desse mundo que é Portugal? Não é coisa nenhuma, é uma parte do mundo e acabou-se, sem proeminência de qualquer espécie.

Suponho que, a partir dos anos 90, este movimento vai ser muito nítido e cada vez se acentuará mais.

O jeito português de bolinar…

Convém perguntar, então, como é que Portugal pode ajudar a fazer este futuro. Para isso, temos de ir à História de Portugal. Numa determinada altura, os Portugueses encontram uma nova qualidade: aprendem a navegar à bolina, quando toda a gente só navegava com o vento a empurrar. É preciso marcar bem este momento. Navegar, dando um jeito, com o vento contra, manejando a vela e o leme de tal maneira que se consiga avancar, era uma habilidade portuguesa. E continua a ser uma habilidade interna de cada português.

Cada português que tenha pela frente alguém com uma ideia contrária à sua, mas de quem ele queira conseguir alguma coisa, dá o jeito de ir bolinando até o outro acabar por o ajudar. É contra, mas acaba fazendo o que o português quer…

De maneira que, quando os Portugueses se fizeram ao mar, pegaram no jeito de bolinar que tinham dentro e puseram-no de fora.

A Europa estava atenta. Tinha chegado a um ponto em que não podia avançar. Roma conseguira ir além de Atenas por duas coisas, a estrada e a ponte, que os Gregos nunca souberam fazer. Mas quando se chega ao mar — qual estrada, qual ponte! — um barquinho é que tinha que servir de estrada. Com o bolinar dos Portugueses, o Império Romano, ou Greco-Romano, estendeu-se pelo mundo.

A expansão portuguesa não foi só a dos Albuquerques e dos D. Francisco d’Almeida ou de outros cavalheiros do género: foi a do malandro, daquele que se safava do navio d’el-rei, onde lhe tinham dado passagem e comida, fazendo D. João de Castro escrever ao rei que de cada 100 portugueses que lhe mandava, ao fim de pouco tempo sobravam três ou quatro.

Serviço d’el-rei? O rei que fosse à fava! Ainda podíamos supor que se safavam à turista. Qual nada! O tipo se demorava, se fixava, o tipo entrava nas famílias, entrava na intimidade. Vem isto para dizer que se deu a expansão da língua portuguesa, quando se dava, em Portugal, o abafamento da cultura portuguesa, o que explica que tanto português, a partir do século XIV, em termos gerais, tenha fugido daqui.

E porquê? Portugal, simplesmente, deixara de ser aquilo de que gostava. Não era o Portugal de D. Dinis, que se o filho se apaixonava, logo se apaixonava ele também, e lhe dedicava uma «cantiga de amigo» e ele próprio lha ia cantar. Quem veio a seguir foi D. Afonso IV, que mandou matar Inês de Castro estupidamente.

Portugal passa do afecto e da permissibilidade para a razão de Estado — a que convinha à Europa. E vêm, de seguida, os golpes na cultura portuguesa, na sua cultura comunitária, a tal em que não se pode nem capitalizar nem investir. Abriram-se as portas ao capitalismo. «Deixem-se de economias comunitárias, deixem-se dessa história de não mandar os meninos à escola…» Antes, não há interesse em escolas (o único rei que caiu nisso foi D. Dinis, porque não previu o que ia ser a universidade saída do seu Estudo Geral. Julgou que continuaria pelo bom caminho e está dando o resultado que tem dado…). Assentou-se que essa coisa dos meninos se educarem pela vida, com a vida, ao deixa andar, não dá. Não dá o quê?

…e o derrube de Aristóteles

Foi o olho do Português, o hábito que o Português tinha de ver e de fixar o que via, sem se enganar com leituras que levou os analfabetos portugueses a derrubarem Aristóteles, que reinara durante 300 anos na Europa.

«Há homens e olhem que homens, robustos e danados para combater, na zona tórrida», diziam eles. E o sábio respontava: «Não há nada, Aristóteles diz que não.»

Então, o português analfabeto só lhe respondia, «não há é uma porra!» e acabou-se, acabou com eles e com Aristóteles.

Outra coisa que os Portugueses, à altura, tinham: o rei ou o governador procurava saber da opinião de cada um e da colectividade. Passeavam pelo País ou pelos territórios em que exerciam soberania, pára aqui e pára acolá, perguntando e ouvindo, como o Mário Soares está a fazer agora. (Por isso eu, outro dia, numa sessão em que estava o Mário Soares, aproveitei a ocasião para dizer que D. Dinis fazia, no tempo dele, aquilo a que se podia chamar «realeza aberta».)

O culto português do Espírito Santo

Em último lugar, os Portugueses tinham ido à (Santíssima) Trindade e escolhido uma certa pessoa para cultuarem. É evidente, não iam contra Deus-Pai, que protege o proprietário nem contra Deus-Filho, que consola o inquilino, lhe passa a mão pelo lombo… Mas quem eles achavam interessante era a outra pessoa, a do imprevisível, a da Pomba que voa para onde lhe apetece e nunca se sabe para onde vai dirigir o voo.

O inesperado está no gosto do Português que do mundo quer, todos os dias, um espectáculo novo, o inédito todas as manhãs quando acorda, em lugar do que sucede aos Europeus que, bem ao contrário disso, se deitam e acordam sempre na mesma.

Quando, com D. João I — e não com D. João II, como se diz —, Portugal mergulhou no regime do capital, todo o Português que podia fugir, fugiu da monotonia de um Governo centralizador. Fugiu para procurar o quê? A economia comunitária, a educação pela vida, algum Governo de coordenação, de pessoas habilidosas e, sobretudo, com muita fé no imprevisível do mundo, naquilo que podia suceder e que ele podia ajudar a suceder no dia seguinte.

A isto, juntava uma grande confiança no que tinha no seu mais íntimo — a capacidade de improvisar uma resposta a uma questão inesperada. É a célebre qualidade portuguesa de se «desenrascar», que junto a outra qualidade própria, a da capatazia, fez os Portugueses terem grande aceitação no Brasil com os índios, com os negros na África, etc.

Não espanta, por isto e por muito mais, que o Espírito Santo seja o que é para os Portugueses. Eles viram, sem saberem de história, nem de teologia, nem nada, que essa face do Divino, sem nome, sem cartão de identidade, era a que estava de acordo com a extraordinária harmonia do mundo. Só quando se passa para a outra economia, pois claro!, há é precisão de um legislador e, logo, de um consolador dos desgraçados, dos que apanham, dos que estão na mó de baixo.

A saudade

Por isso, também a saudade. A saudade do mundo em harmonia e do homem em harmonia com o mundo, a saudade dos tempos antigos, a memória guardada, nisso a que chamam o inconsciente colectivo, de quando se levantava a mão e colhia a fruta das árvores.

A saudade que tem servido, quase sempre, para dedilhar à guitarra, mas que pode, agora, servir para outra coisa: a saudade como construtora do futuro. Transformar a saudade do passado em construtora do futuro. No dia em que o Espírito Santo reinar no mundo, a criança é quem manda. Talvez se veja nela o Deus renascido, o Menino do Presépio. O Menino que se coroa nas Festas do Espírito Santo, a quem se beija a mão e, depois, vai-se para a mesa e toda a gente come e não paga. Alguém paga, agora: toneladas de carne dão os açougues do Rio de Janeiro para esse banquete gratuito. O progresso, o avanço tecnológico, a robotização, talvez dê para que comamos todos de graça. Pelo menos mais barato — e cada vez mais, até não se pagar coisa nenhuma. Já sucede hoje com o desempregado, que recebe subsídio do Estado. Ganha dinheiro porque não faz nada, coisa em que nunca se tinha pensado…

Depois da coroação e do banquete, nas Festas do Império do Espírito Santo, ia-se à prisão da terra e abriam-se-lhe as portas. Ainda vi um vestígio disso em Salvador da Baía, já tudo muito civilizado e bem policiado, de maneira que o menino ia bater à porta, o carcereiro abria e soltava dois presos, todos engraxadinhos, limpinhos e arranjados para irem no cortejo. Enfim, é ainda o símbolo.

Então, vamos a ver se, nesta década, alguma gente portuguesa vai tomando consciência da riqueza teológica, política, prática, que tiveram os Portugueses do século XIII e se dispõe a pensar em tudo isso com a mentalidade e os conhecimentos de hoje, com o que se sabe de matemática, de física, de história do homem. E ver no que é que dá…


||| Temos outros artigos sobre Agostinho da Silva, designadamente, uma série de cinco textos de Artur Manso.

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