…obter uma foto nítida, diz o título deste texto. E o que é isso? Numa primeira aproximação (e seguindo o blogue Mundo paralelo), uma foto nítida é aquela em que o sujeito (objeto, pessoa, paisagem,…) fotografado aparece claramente contrastado, com os bordes definidos, perfeitamente focado e sem movimentos nem linhas não definidas. Para começar, digamos que uma foto não nítida pode ser devida ao movimento da máquina enquanto se está a tirar a fotografia (enquanto o obturador está aberto) — as tais fotos “tremidas” — ou a uma má focagem do objeto. As sugestões que se seguem t~em como objetivo tentar acabar de vez com as fotos “tremidas”. Um objetivo não garantido definitivamente; mas algumas sugestões certamente ajudam a caminhar nesse sentido.
Mantenha a máquina firme!
[foto copiada daqui, onde há conselhos para evitar fotos tremidas]
Manter a máquina firme?! Este é um conselho que pode parecer desnecessário, porque “evidente”. Mas é bom recordar modos de o conseguir (e evitar alguns erros inconscientes).
- Se puder, use o tripé (ou o monopé), para reduzir (ou anular) o movimento da máquina. Um conselho a ter em conta sobretudo em velocidades de obturação (muito) lentas.
- O que é uma velocidade lenta? A “lentidão”, aqui, é relativa, dependendo muito da firmeza da mão; mas há valores obviamente lentos, há limites a partir dos quais segurar a máquina na mão não dá bons resultados — e com o tempo irá conhecendo a sua firmeza.
- Se não faz ideia do que é a velocidade de obturação, este texto tenta explicar.
- Já agora… usando o tripé, usar também o disparador remoto (ou o temporizador) evita as “tremuras” provocadas pelo toque no disparador da máquina.
- Não tendo um tripé por perto ou não podendo usá-lo, procure um elemento fixo em que possa apoiar a máquina: uma parede, um poste, uma árvore, um banco do jardim (nas igrejas, costumo ajoelhar e apoiar a câmara em sítios destinados a apoiar os cotovelos quando se reza 😉 )…
- Consciencialize o modo como segura a máquina. Nem todos os modos são igualmente bons para a estabilidade. O texto (em espanhol) de onde foi copiada a imagem anterior mostra alguns modos incorretos e corretos (de pé, sentado, deitado). Apoie o maior peso da máquina na base constituída pela mão esquerda (utilizando desse modo o bíceps, um músculo bastante forte); a mesma mão esquerda faz variar o zoom, a focagem, acede aos botões que estão nessa zona da máquina. A mão direita fica livre para manobrar os botões da parte superior e traseira da máquina (além de ajudar a suportar o peso). A testa (a zona das sobrancelhas) pode ajudar a apoiar a câmara.
- Encoste os cotovelos ao corpo (se estiver de pé; ou apoie-os no chão ou nos joelhos, conforme esteja deitado ou sentado). No momento de disparar, sustenha a respiração.
Preste atenção à velocidade de disparo
[foto copiada daqui: informação sobre modos de disparo]
- Particularmente quando retrata sujeitos em movimento (em desportos, por exemplo), escolha o modo de prioridade à velocidade e opte por uma velocidade rápida. Uma velocidade rápida, além de congelar a ação, reduz os efeitos da vibração da máquina: o obturador está menos tempo aberto.
- Recordando uma regra, a propósito… Devemos trabalhar sempre a uma velocidade acima da distância focal da objetiva. Por exemplo, usar uma objetiva 50mm implica uma velocidade acima de 1/50 s (para congelar a imagem). Mais uma vez… claro, isso depende bastante da firmeza do pulso, mas, para a máquina não trepidar, a regra é essa.
- Do que ficou dito, segue-se que, quando há pouca luz (e é possível escolher), é preferível uma grande angular a uma teleobjetiva. Dito de outro modo, em situações de pouca luz, quanto menos se utilizar o zoom, melhor.
- Uma velocidade mais rápida diminui a quantidade de luz que entra.
- Se necessário, compense com a abertura do diafragma (abertura maior, portanto, número f/ mais pequeno, mais entrada de luz. Mas, atenção!: recorde que, aumentando a abertura, perde profundidade de campo e isso pode modificar significativamente a imagem).
- Ou aumente o ISO (maior ISO, maior sensibilidade do sensor à luz: é como se tivesse acendido mais uma luz. Mas, atenção!: recorde que aumenta igualmente o “grão” da imagem: qual é o ISO máximo que a sua máquina aguenta sem perder qualidade de imagem?).
- Ou melhore a iluminação (usando flash, por exemplo?).
- Ainda sobre a abertura: faça testes para saber onde está o ponto mais nítido da sua objetiva (em torno de f8- f11?). No momento de focar, tenha igualmente em conta que, como regra, o ponto central das objetivas é muito mais nítido que as bordas.
[Proponho um exercício de avaliação deste imagem, atendendo à respetiva informação: velocidade de disparo: 1/20 seg.; abertura do diafragma: f/7,1; distância focal: 50mm. Considerando que os elementos fixos estão focados e que a velocidade é lenta, pode concluir-se que a firmeza da mão nem é má ;-). Mas, relacionando a velocidade com a distância focal, é de prever que qualquer movimento do sujeito “móvel” ponha em risco a qualidade da imagem. Atendendo a que se pretendia que o sujeito humano também ficasse focado, como deveria ter sido regulada a máquina?]
E ainda, para a tal foto nítida…
- Se a máquina ou a objetiva tiverem estabilizador de imagem, aproveite-o!
- Para motivos em movimento, escolha o modo de focagem contínua.
- Esta é uma função disponível na maioria das máquinas da última geração e tem uma designação semelhante a “AF-C: AF de servo contínuo”.
- Para enquadrar o tema… há vários modos de focagem automática; as designações variam ligeiramente, conforme as marcas: “AF-S” e “AF-C” da Nikon correspondem a “One shot AF”, “AI AF” da Canon.
- “AF-S” é o modo de focagem mais útil para fotografias em que o ponto de focagem permanece estático e há tempo suficiente para preparar a fotografia: paisagens, monumentos,… “AF-C” é o adequado para fotografias de objetos em movimento (incluindo retratos: se a profundidade de campo for reduzida, o menor movimento pode arruinar a focagem).
- O que é que faz o “AF-C”? Foque o que pretende e prima o botão disparador até meio, mantendo-o assim premido. O sujeito que se move diante da máquina continua focado enquanto o botão disparador estiver premido ligeiramente (até meio), podendo disparar em qualquer momento do movimento. É, por isso, uma opção nos casos em que há movimento — ou naqueles em que não há tempo suficiente para preparar devidamente a focagem oucom pouca profundidade de campo.
Para concluir… Se o resultado final não for a tal foto nítida de que gostaria, poderá sempre tentar melhorá-lo, editando a imagem (com programas como o Photoshop ou o Gimp, por exemplo). Mas… apesar dos resultados que possa conseguir, lembre-se que o melhor é mesmo ter um original satisfatório: abuse nas precauções, para não ter que abusar nos efeitos pós-produção.
*****
||| Gostou do texto? não gostou? Haveria algo mais a dizer? diga-o! eu agradeço (e, quero crer, os demais leitores do Baú, também).