A 16 de dezembro de 1770, na cidade alemã de Bona, nasceu Beethoven. Celebramos o aniversário guiados pela prestimosa ajuda de uma das maiores figuras da canção francesa: o anarquista poeta, escritor, diretor de orquestra,… Leo Ferré.
Começo com a sua popular “re-interpretação” da Abertura de Egmont: é o início de uma obra musical com mais nove peças para voz e orquestra, escrita pelo compositor alemão como música programática para o drama homónimo de Goethe, cujo tema geral é a luta pela independência dos Países Baixos espanhóis, no século XVI, onde o conde Egmont sacrifica a vida pela liberdade. Como se pode ler aqui,
a “música incorpora a convicção de Egmont e de Beethoven de que a morte não é um fim quando esperança e ideais permanecem intactos“.
A abertura destaca-se “por causa de sua força, sua nobreza e seu caráter triunfante”. Sobre a música de Beethoven, Ferré diz Ludwig
[um poema que começa assim: Au fond d’une guitare enragée, à l’automne / Il y avait du sang comme un dièse mouillé / C’était à Bonn, au détour d’une rue… e termina com a convicção de que a única invenção do Homem é… a dor. O poema está todo aqui]
e o resultado é este:
Sem Leo Ferré, a música soa assim (na leitura de Bernstein):
No andamento final do seu último Quarteto (o 16, op. 135), Beethoven escreveu as frases “muss es sein? es muss sein“
(“Isto tem de ser assim?“, perguntam o violoncelo e a violeta. “Sim, isto tem de ser assim“, respondem os dois violinos).
Contam-se estórias sobre a origem destas frases. Mas o seu significado permanece obscuro; há quem as relacione ao destino, ao (último e velho) duelo do compositor com o destino:
Leo Ferré retoma o tema, exigindo a música (de Ludwig)… na rua
A Música na rua!
Music? in the street!
La Musica? nelle strade!
Beethoven strasse!
MUSS ES SEIN? ES MUSS SEIN!
[tradução francesa da letra, aqui]
Para terminar esta visão diferente de Beethoven, uma outra visão: um adagio e uma sonatina para piano e… bandolim:
Outros artigos sobre Beethoven:
||| Concerto para piano n. 5, O Imperador (Beethoven)
||| 10.000 cantam Beethoven (o coral final da 9ª Sinfonia)
||| Heroico Beethoven: um texto sobre “adaptações ligeiras” do compositor; Beethoven e os ideais da Revolução Francesa: o caso da Terceira Sinfonia.