Oratória (musical), Ópera e Paixão

O que é a Oratória (em sentido musical)? Esta é a questão central do primeiro episódio de Clássica Mente, um podcast de algum modo relacionado com música. Tomando exemplos de obras de Handel, Bach e Monteverdi, nele procuro distinguir e, simultaneamente, aproximar Oratória (com breve referência à sua origem e à origem do próprio nome), Ópera e Paixão (aqui, também entendida como género musical).

"Oratória de Natal" de Bach

Oratória e Ópera

Messias, a popular oratória de Handel e a Oratória de Natal de Johann Sebastian Bach serviram de ilustração ao conceito de Oratória (mais concretamente, a barroca) e, depois, à aproximação formal à Ópera e à sua distinção. Em síntese, ambas são dramáticas e têm a mesma estrutura formal, mas distinguem-se na representação cénica (ausente, no caso da Oratória) e no assunto/tema.

Os temas da Oratória barroca são religiosos (na fase clássica, As Estações de Joseph Haydn marca a passagem da oratória para o domínio profano). Os das óperas (situamo-nos também no período barroco) são profanos, baseados na mitologia e na história greco-romanas. Exemplifica-se com Orfeu, uma das primeiras óperas do mundo, do compositor italiano Claudio Monteverdi (1567-1643); é uma versão dramática da história do lendário Orfeu (e da sua amada Eurídice).

Oratória e Paixão

A Paixão é um tipo de Oratória. Como o nome sugere, na Paixão musical canta-se, conta-se e comenta-se o drama da paixão e morte de Cristo segundo os Evangelhos, como prescreve o ritual da Semana Santa. Será na Alemanha que esta forma irá ganhar toda a sua amplitude, com Schütz, Sebastiani, no século XVII; depois a paixão é tratada como uma enorme oratória por Teleman, Händel, e sobretudo Bach, com quem a arte da composição para a Paixão atinge uma grandeza sem paralelo.

E foi justamente a Bach, autor de três Paixões, que fui buscar, para o podcast, outra ilustração musical: a sua Paixão segundo São Mateus. É uma obra grandiosa, com cerca de 3h de duração, para dois coros, duas orquestras, dois órgãos e solistas, com árias, recitativos, intervenção de coros. É uma história de sofrimento, físico e moral, de dor, de abandono (recordo que a crucificação era a pena mais humilhante que existia na Antiguidade); mas é simultaneamente de esperança, uma esperança que se reflete na música).

Ouça o podcast..

…porque o presente texto não substitui a audição. Este não é mais do que uma síntese, não proporciona o prazer da audição musical…

… e o podcast, pode ouvi-lo enquanto faz outras coisas. Está em iVoox e em Internet Archive.


||| Existe no Baú outro artigo dedicado à Oratória de Natal de Bach (com introdução sobre a Oratória)

||| O artigo “Clássica Mente”, um podcast do Baú tem índice dos vários episódios de Clássica Mente. E indicações sobre como o adicionar ao seu leitor de podcasts preferido.

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