Rolando Almeida é professor de filosofia no ensino secundário público na Escola Secundária Jaime Moniz, na ilha da Madeira. É natural de Castelo de Paiva, no norte do país e rumou há mais de uma década para a ilha, onde vive.
“Do que gosto é de um enorme gabinete cheio de livros, discos e dvd`s. Mas sofro da angústia de ainda não ter podido viajar quanto gostaria. Melhor que os livros é o prazer e a sorte de encontrar alguém que me possa ensinar um pouco mais. Tenho um filho pequeno, uma esposa e um apartamento com uma bonita vista para o mar. Os meus 38 anos de idade vão-me ensinando que a vida não é eterna, coisa que pensava ser quando era mais jovem. Mas saber da finitude só me incomoda porque é certa, tal como se fosse eterno me incomodaria com essa circunstância”.
Os seus sítios preferidos:
http://filosofiaes.blogspot.com/
http://criticanarede.com/
http://www.thewire.co.uk/
…e as suas confissões:
Baú:
O navio onde viajas tem carga a mais. A ti, coube-te lançar à água dois dos 3 livros que levas (um de filosofia, um de música e um romance).
Rolando Almeida:
Lançaria o de filosofia em primeiro lugar, pois essa posso sempre tentar fazê-la por mim mesmo. O romance também iria para a água. Mas ficava com o de música. Não fosse faltar o rádio ficaria sempre com um guia para imaginar as músicas.
B:
Lançados os livros, ficaste com três objetos: o livro, um dvd com o teu filme preferido e um leitor de mp3 com uma coleção dos teus top musicais. Um deles também tem de ir para o fundo do mar.
RA:
O dvd. Não fossem lembrar-se de atirar ao mar todos os leitores de dvd. O leitor de mp3 e o livro são autónomos em termos de funcionamento.
B:
No dia dos namorados, recebeste um cheque-prenda para comprar um cd. Escolhe.
RA:
Compraria qualquer coisa que ainda não tenha do Phillip Glass. Mas se passasse os olhos antes por qualquer gravação dos Stooges era bem capaz de ficar mesmo por aí. Mas também podia comprar algo dos Hedningarna ou Elliot Sharp, ou….. ou…… tem de ser mesmo só um?
B:
Sabemos que, no dia do teu aniversário, uma das prendas foi a passagem para o formato eletrónico (ebook) de uma obra da tua biblioteca. Segreda-nos qual foi.
RA:
O manual de filosofia, A Arte de Pensar. Além de me dar jeito, acho que é mesmo dos livros que mais consulto nos últimos anos.
B:
Tens de abandonar a profissão de professor. Mas não te apoquentes! Escolhe outra, que em qualquer caso terás carro (à tua escolha), cartão de crédito… e 600 mil euros anuais.
RA:
Treinador de futebol, que é para continuar a pensar que me pagam mal.
B:
A Brigada dos Bons Costumes vai queimar-te a biblioteca toda. Toda, não: permite-te ficar com uma obra apenas.
RA:
Ficaria com o manual, Como queimar a Brigada dos Costumes, um manuscrito escrito por mim. Agora a sério, ficava com o Mendigos e Altivos do Albert Cossery. Uma história sem heróis.
B:
Os deuses estão fulos com a humanidade: vão destruir todas as cidades. Deixarão apenas ficar uma para tu viveres. Diz-lhes qual há de ficar de pé.
RA:
Atenas. Para os deuses não deveria ser muito complicado ficar com Atenas.
B:
Estás condenado a escolher, sem hipótese de abstenção, mas apenas um: Sartre, Nietzsche, Heidegger.
RA:
O Heidegger. Também tenho direito ao meu masoquismo.
B:
Para a ilha deserta, só podes levar um destes três B: Bach (Johann Sebastian), Beethoven, Beatles.
RA:
Esta é fácil. Beatles. Gostava de tentar perceber como seria o mundo só com Beatles e sem Beethoven e Bach.
B:
Tens pozinhos mágicos que te permitem ressuscitar quem tu quiseres. Duas condições: só os podes usar uma vez; nunca em proveito de qualquer familiar.
RA:
Sócrates, o filósofo, sem dúvida. E o John Peel.
Nota: esta é a quinta publicação de uma série de revelações que pedi a alguns dos meus amigos. Leia as de Elisabete Ferreira (a anterior) e de Vitor Guerreiro (a seguinte).
||| Rolando Almeida escreveu para O Meu Baú um texto onde apresenta a História do rock em 10 discos marcantes.