Vitor Guerreiro

Vítor Guerreiro

Vitor Guerreiro nasceu em 1977 no Barreiro e vive no Porto. Licenciou-se em filosofia na FLUL, completou o doutoramento na área de estética / filosofia da música na FLUP. É membro do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto (grupo MLAG). Traduz filosofia e outras coisas desde 2005, uma aventura que começou com a colaboração para a revista Crítica na Rede. Tem um cão, anda de bicicleta, joga gamão e canta canções irlandesas, escocesas, russas, entre outras.

Costuma andar por aqui:

[editado, em 25/10/2017]

Baú:

O navio onde viajas tem carga a mais. A ti, coube-te lançar à água dois dos 3 livros que levas (um de filosofia, um de música e um romance).

Vitor Guerreiro:

Em princípio fica o de filosofia e vão os outros dois. O de música mais depressa que o romance, a menos que se tratasse de um autor com o mesmo grau de clareza e lucidez na prosa que Leonard Bernstein ou L. B. Meyer.

B:

Lançados os livros, ficaste com três objetos: o livro, um dvd com o teu filme preferido e um leitor de mp3 com uma coleção dos teus top musicais. Um deles também tem de ir para o fundo do mar.

VG:

O dvd, sem hesitações.

B:

No dia dos namorados, recebeste um cheque-prenda para comprar um cd. Escolhe.

VG:

A Sinfonia nº5 de Vaughan Williams, que ele dedicou a Sibelius (take that Adorno!). Ou qualquer outra coisa dele que ainda não tenha em disco.

B:

Sabemos que, no dia do teu aniversário, uma das prendas foi a passagem para o formato eletrónico (ebook) de uma obra da tua biblioteca. Segreda-nos qual foi.

VG:

Art and It’s Objects do Richard Wollheim. Quase tudo o resto que tenho em papel e que vale a pena ler tenho também em formato electrónico.

B:

Tens de mudar de profissão. Para te compensar de eventuais transtornos, seja qual for a escolha, terás carro (o que preferires), cartão de crédito… e 600 mil euros anuais. Uma condição: tem de ser a profissão que te dê mais gozo (testaremos isso com a máquina do gozo profissional).

VG:

Escolhia qualquer coisa que me desse tranquilidade suficiente para continuar a fazer filosofia. O resto não me importa realmente. Não ando de carro (ou melhor, não conduzo) o que, se depender só de mim, não mudará (mas aceitava uma bicicleta melhor). Não saberia o que fazer com tanto dinheiro por ano.

B:

A Brigada dos Bons Costumes vai queimar-te a biblioteca toda. Toda, não: permite-te ficar com uma obra apenas.

VG:

Deixassem-me o e-reader com os livros todos (talvez tivesse de emigrar para os descarregar outra vez sossegado, enfim). Em papel salvava o Simple Logic do Daniel Bonevac.

B:

Os deuses estão fulos com a humanidade: vão destruir todas as cidades. Deixarão apenas ficar uma para tu viveres. Diz-lhes qual há de ficar de pé.

VG:

Das que já visitei, talvez Segóvia.

B:

Estás condenado a escolher, sem hipótese de abstenção, mas apenas um: Sartre, Nietzsche, Heidegger.

VG:

Sartre. Os outros deviam ser mais difíceis de aturar, com aquele temperamento místico.

B:

Para a ilha deserta, só podes levar um destes três B: Bach (Johann Sebastian), Beethoven, Beatles.

VG:

Bach.

B:

Tens pozinhos mágicos que te permitem ressuscitar quem tu quiseres. Duas condições: só os podes usar uma vez; nunca em proveito de qualquer familiar.

VG:

O Carl Sagan, ou então Vaughan Williams, para que fizesse mais da boa música que fez, só boa música, sem ansiedades e peneirices vanguardistas.

***

Nota: esta é a sexta publicação de uma série de revelações que pedi a alguns dos meus amigos. Leia as de Rolando Almeida (a anterior) e de Mário Rui Dias (a seguinte).

||| Vítor Guerreiro escreveu para O Meu Baú um texto onde apresenta alguns problemas de Filosofia da Música e bibliografia apropriada para quem tem curiosidade sobre o tema.

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