Deixo, a seguir, algumas notas genéricas sobre a fotografia noturna — genericamente, a que é feita quando não há sol acima do horizonte.
O equipamento: além da máquina fotográfica, sem a qual não há fotografia,…
- …um tripé. Devido à ausência/escassez de luz, as exposições serão (mais ou menos) prolongadas, pelo que sem estabilizar a máquina o mais possível será muito difícil conseguir uma imagem de qualidade (quero dizer, uma imagem nítida);
- …cabo disparador (disparador remoto). Para que as fotos não fiquem tremidas, evitar o mais possível as vibrações da máquina, não tocando nela ou no tripé na hora de disparar (e olhe que um acessório desses nem é caro, comprando no Ebay, por exemplo);
[não tem ou não quer usar disparador? use o temporizador da máquina: quando carregar no botão para fotografar, a máquina espera uns segundos, de modo a não lhe mexer quando ela disparar].
Configuração da máquina:
- Esqueça os automatismos (ou deixe-os para segundo plano).
- Use o valor de ISO mais baixo que uma exposição correta permita. A maior qualidade da imagem obter-se-á com a menor sensibilidade ISO: provavelmente, o ruído (provocado por valores elevados de ISO) estragará a foto.
[Há quem goste das fotos com ruído/grão (nalguns casos, eu sou desses); mas é preferível acrescentar-lho em tratamento posterior: é mais fácil, não existindo no original, acrescentá-lo do que, existindo, tirá-lo]. - Já sabe que a abertura do diafragma afeta a profundidade de campo (e o tempo necessário à exposição). Tratando-se de fotos da natureza ou equivalentes, em princípio requer-se maior profundidade de campo, portanto, diafragma mais fechado (valores de f maiores)
[ao fechar o diafragma, “transforma” os pontos de luz dão a sensação de… estrelas). - Pelo que fica dito, usaremos o modo de prioridade à abertura: a máquina escolherá a velocidade. Se se sentir à vontade com o modo manual, opte por ele (experimente com valores diferentes de velocidade, que de qualquer maneira será lenta).
- Bloqueie o espelho, se a sua máquina o permitir. Sempre a pensar em anular as vibrações do aparelho. Mas, se a máquina o não permitir, não se preocupe: não é o cuidado mais importante.
- Se houver vento, baixe o tripé o mais possível ao chão ou coloque-lhe peso. Sempre a pensar em anular as vibrações do aparelho. 😉
Vamos à foto?
- aproveite a hora azul — mais ou menos, o período entre a meia hora antes e após o pôr do sol, quando o céu adquire um tom azul intenso, que lhe dá força;
- aproveite o movimento (dos automóveis e das suas luzes, por exemplo):
uma larga exposição permite eliminar/disfarçar elementos distraidores (em fotografias urbanas, aglomerados de pessoas, por exemplo) ou realçar elementos relevantes. - preste igualmente atenção às luzes, aos rastos que pode obter com elas…
- …e aos reflexos (das luzes, mas não só). Aos reflexos na água, por exemplo;
- o objeto a fotografar tem grandes contrastes de luz, com luzes fortes e zonas escuras? faça fotos com exposições diferentes, a pensar na técnica de HDR.
Já fez a foto? Verifique, na hora, que tal ficou:
- nítida? Veja se sim, visualizando-a ampliada através do zoom da visualização. Não está satisfeito? “repita-a”;
- bem exposta? Para ver se sim, peça ajuda ao histograma.
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||| Neste texto (em espanhol), distinguem-se três grupos de fotografia noturna (e propõem-se diferentes valores — ISO, abertura do diafrgma,.. — e referem-se algumas facilidades e dificuldades de cada um deles): fotografia crepuscular (ao amanhecer/entardecer ou hora azul), fotografia noturna urbana e fotografia noturna de larga exposição (em noite cerrada).
||| Por favor, partilhe connosco a sua experiência/saber neste domínio.
Já fiz o meu TPC, mais ou menos seguindo as dicas que aqui transcreves (desta vez vieram tarde…) e que me s(er)ão muito úteis.
Não notei grande diferença entre escolher eu o ISO ou a escolha ser feita pela máquina. Usei 100, 400 e automático, sem diferenças perceptíveis no resultado final.
Fotografei em Palmela castelo e Coimbra Mondego, em dias diferentes, mas sensivelmente à mesma hora – após as 18h.
Vitor, penso que, se deixas que a máquina decida por ti (o valor do ISO), a coisa tanto pode correr bem (como dizes ter sido o caso) como não. Os automáticos são assim. 😉
Particularmente em situações de luz muito escassa, a máquina pode “abusar” dos valores do ISO; se a máquina for das que não conseguem “gerir” valores altos, podes ter surpresas desagradáveis, sobretudo se pretenderes usar as fotos para fins onde o ruído dos valores altos do ISO se note. Tenho algumas fotos inutilizadas por causa disso…