Padre latino e Doutor (bispo e santo) da Igreja Católica, um dos maiores filósofos e teólogos cristãos, figura central na passagem da filosofia pagã para a filosofia cristã — Aurélio Agostinho, dito de Hipona, nasceu em Tagasta (norte de África), a 13 de novembro de 354, e morreu em Hipona, a 28 de agosto de 430.
||| Em Santo Agostinho (Lisboa: Edições 70, 2008), Gareth B. Matthews mostra que, ao contrário do que muitas vezes se afirma, Descartes não foi o “primeiro pensador da filosofia ocidental que efetivamente fez filosofia a partir de um genuíno ponto de vista da primeira pessoa” (p. 14); foi Santo Agostinho, ao longo de cuja obra “encontramos um juízo admirável sobre a importância filosófica daquilo que cada um de nós expressa ao afirmar ou pensar ‘Eu existo’” (p. 15). Tanto nos problemas filosóficos e nas soluções para eles encontradas quanto na forma de algumas das suas obras mais importantes. E Matthews mostra isso ao longo dos vários capítulos – ao longo da análise das várias teorias do filósofo.
De um primeiro e rápido folhear do livro, colhi duas impressões. Primeiro, Matthews mostra que, além de grande teólogo, Agostinho é igualmente filósofo relevante; depois, os problemas e as teorias da filosofia agostiniana são analisados (e minuciosamente analisados, estabelecendo-se relações com outros filósofos) na perspetiva da história da filosofia, mas também na da filosofia: nas quase 250 páginas do livro faz-se filosofia.
||| Um dos filmes de Roberto Rossellini tem Agostinho (e a sua obra) como figura central: Agostino d’Ipona (de um conjunto de quatro a que pertencem ainda Sócrates — este, pode vê-lo, com alguns comentários, aqui –, Descartes e Blaise Pascal). Nele,
Rossellini focaliza a principal fase da vida e da obra de Agostinho: o momento em que se torna bispo de Hipona. Com rigor histórico e realismo, o filme mostra seu combate aos heréticos donatistas, a sua famosa oratória, suas idéias e a realização de seus principais livros, como ‘Confissões’ e ‘Cidade de Deus’. Este é um dos melhores trabalhos de Rossellini e uma oportunidade imperdível de se conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra de Santo Agostinho.
(citado daqui)
Fica, a seguir, dobrado (em português do Brasil):
https://youtu.be/jCltQytAKoM
- Se a hiperligação para o Youtube for quebrada, por favor, avise-me.
- Viu o filme? partilhe a sua opinião, utilizando a caixa de comentários.
||| O texto a bizarria filosófica para totós apresenta um livro muito interessante para uma iniciação à filosofia: Não Descartes Estas Ideias. São analisadas mais de 40 ideias filosóficas que poderão parecer bizarras de início, mas com as quais poderemos até, depois de explicadas, concordar. É o caso da teoria de Santo Agostinho segundo a qual os bebés não batizados são pecaminosos e merecem ir para o Inferno (capítulo 13).
O mais importante em Santo Agostinho é a ideia de livre arbítrio. E, se calhar, nem sequer é pelo conceito por ele definido, mas muito pela forma como a ideia de livre arbítrio se opôs à de predestinação, num dos maiores conflitos europeus, por sinal ainda não resolvido.
Por causa do livre arbítrio dei comigo a dizer a um amigo que sou ateu e devoto de Santo Agostinho. Uma ironia, naturalmente.